Para onde nos conduz a viagem de Dante?

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DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.i43p23-35

Palavras-chave:

Dante Alighieri, Viagem, Diálogo, Livre-arbítrio, Indivíduo

Resumo

A Itália e sua língua nacional devem muito ao ato revolucionário de um poeta que se atreveu a romper as barreiras do mundo conhecido e adentrar, em primeira pessoa, nos mistérios da outra vida, aquele “al di là” esperado, desconhecido e temido, partindo da tradição (Virgilio) para chegar à “vida nova”, onde a matéria se faz luz. Em sua jornada, o poeta peregrino passa pelo Inferno, onde antigas criaturas monstruosas e ferozes punem as paixões e as ilusões de soberba, posse, avidez; pelo Purgatório, o mundo do meio que é também meio de libertação das ilusões, reino em que a melancolia se irmana à esperança; ao final dele, o poeta alcança o Paraíso terrestre, pois seu arbítrio já é “libero, dritto e sano” e lhe permite ascender ao Paraíso, o reino em que oben dell’intelletto” e a contemplação aliam-se à crescente lucidez, em que a comunhão com o divino se torna real. Ao final de sua busca o “ser com Deus” faz com que o desejo humano seja preenchido de divindade (“ma già volgeva il mio disio e il velle, / sì come rota ch’igualmente è mossa, / l’Amor che move il sole e l’altre stelle”). Ao chegar ao “ponto final”, Dante parece esclarecer as dúvidas e temores dos homens de seu tempo, sigilando finalmente as portas do mundo antigo e suas formas de representação, para nos conduzir ao mundo moderno, ao Humanismo, o tempo em que o indivíduo está em contato com a natureza, com a história e o poeta em diálogo constante com sua obra e seu leitor.

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Publicado

31-12-2021

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Cavallari, D. N. (2021). Para onde nos conduz a viagem de Dante?. Revista De Italianística, 43, 23-35. https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.i43p23-35