A mulher emocional: potências e riscos da feminilidade no discurso jornalístico
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X.rum.2017.122149Palavras-chave:
Gênero, emoções, trabalho, mídia, discurso.Resumo
Este artigo traz uma análise do discurso de inspiração foucaultiana acerca de mulheres e emoções em reportagens sobre carreira nas revistas Veja, Época e Você S/A Edição para Mulheres. Nas novas configurações do trabalho, a “sensibilidade feminina” é exaltada como vantagem competitiva, desde que utilizada de maneira correta. Entretanto, as emoções também tornariam as mulheres inconstantes e perigosas. Há uma retórica do controle direcionada ao gênero feminino: suas emoções devem ser manejadas, a fim de serem transformadas em capital produtivo, evitando que causem riscos à ordem social. As matérias, imbuídas da aura da objetividade jornalística, atuam discursivamente como instrumentos da racionalidade neoliberal, ajudando a inscrever no indivíduo o imperativo do governo de si, e conformando sujeitos orientados para a performance, sem alterar a hierarquia tradicional de gênero.
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