Financeirização de esquerda? Frutos inesperados no Brasil do século XXI
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0103-20702009000200008Parole chiave:
Sociologia econômica, Estudos sociais sobre finanças, Governança corporativa, Private equityAbstract
Diversos episódios e evoluções recentes mostram a adesão de setores tradicionais e novos das elites brasileiras ao predomínio das finanças e de suas razões na sociedade brasileira. A partir da análise do engendramento e da difusão da governança corporativa e dos fundos de private equities na acepção que elas vêm ganhando no Brasil, podemos mesmo falar de convergência das elites em torno dos mecanismos criados para a medição financeira, ainda que o resultado ocorra por meio de um alargamento de sua polissemia. Esses mecanismos, para cá trazidos no intuito explícito de acelerar e facilitar a integração das empresas brasileiras ao espaço e à lógica que impera nos mercados financeiros, avançam rapidamente, mas acabam recebendo um significado menos hardcore do que os financistas esperam. Ainda que deploráveis para os financistas ortodoxos, esses resultados dificilmente surpreenderiam um cientista social treinado. É por intermédio da polissemia que as abóboras se ajeitam na carroça da sociedade em movimento. A análise desse diálogo social produzido em torno das questões financeiras se torna assim uma excelente janela para a compreensão não só das disputas econômicas, mas também das disputas políticas que sacodem a sociedade brasileira contemporânea.
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