Um olhar sobre a teoria Ator-Rede e a Cartografia das Controvérsias
o caso da trilha da Pedra do Telégrafo - RJ
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-4867.v30i2p231-250Palavras-chave:
Consumo, Teoria Ator-Rede, Trilha da Pedra do TelégrafoResumo
A contemporaneidade reflete, em parte, a lógica da sociedade de controle, caracterizada, dentre outros aspectos, pelo consumo. Neste cenário, tanto os objetos materiais quanto os imateriais passam a possuir valor no mercado, de forma que uma das ferramentas mais influentes neste período é o uso das redes sociotécnicas, envolvendo também os comportamentos sociais dos indivíduos e seus desejos de pertencimento, compartilhamento e visibilidade. Nessa perspectiva, a pesquisa tem como objetivo analisar o uso das imagens inerentes à paisagem da Trilha da Pedra do Telégrafo - Rio de Janeiro, Brasil - veiculadas nestas redes, como um fator produtor de subjetividades, interferindo no aumento do número de visitantes. O estudo atenta para a Teoria Ator- Rede (TAR) ou Actor-Network Theory (ANT) de Latour, que dimensiona o fato de que o “ator humano” e “não-humano” podem transformar o social. Assim, foram analisadas as postagens no Facebook a partir do método Cartografia das Controvérsias Venturini, que é a operacionalização da ATR. Para isso, foram analisados os conteúdos das publicações dos anos de 2015 a 2017, na página denominada “Pedra do Telégrafo-RJ”, com aproximadamente 41 mil participantes. As pistas apontam que o uso das redes sociotécnicas, no âmbito do consumo, pode ter influenciado o processo de transformação da natureza em um produto que passa a se configurar como objeto de desejo, através da noção de “turismo-mercadoria”.
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