Desafios da docência: reflexões a partir da vivência em um curso de graduação em medicina

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v53i4p479-489

Palabras clave:

Docência, Ensino Superior, Medicina, Educação Superior

Resumen

Introdução: Os novos cursos de medicina demandam inovações pedagógicas e curriculares que intensificam os desafios da prática docente. Objetivo: O trabalho objetiva apresentar os desafios da docência em um curso de graduação em medicina, viabilizado pelo Programa Mais Médicos, a partir da narrativa de três professores. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência construído a partir de narrativas reflexivas redigidas livremente por cada um dos docentes, em momento único, no primeiro semestre de 2019. Elas foram sistematizadas e organizadas por um dos autores. Resultados: Dois dos docentes são graduados em odontologia, com pós-graduação na área de saúde coletiva, participando dos oito Componentes Curriculares Regulares (CCR) ligados à essa área. A terceira docente é farmacêutica, com pós-graduação em Ciências Biológicas e compõe os componentes de Processos Biológicos III e IV e Temas Emergentes na Formação Médica 3. As narrativas revelam o quanto o cenário da educação médica é singular e gerador de desafios próprios. O modelo contra-hegemônico do referido curso de medicina gera insegurança para os atores envolvidos, sobretudo pela ausência de referencial comparativo. Além disso, a construção do curso demanda energia extra, visto que se parte do zero para organização de todas as demandas. O uso de metodologias ativas de aprendizagem constitui outro desafio, uma vez que os docentes foram formados sob a ótica do modelo tradicional. Outro aspecto apontado como desafiador pelos três docentes – chamando atenção para o fato de nenhum deles ser médico – é apresentar formação de graduação em outros cursos da área da saúde e o quanto isso causa incompreensões e resistências, manifestada por estudantes e colegas docentes. Por fim, no contexto atual de exercício da docência, o uso intenso de dispositivos tecnológicos foi apontado pelos docentes como um desafio, talvez o mais complexo deles já que seu uso é massivo e é complexo “competir” e organizar uma aula que seja atrativa a ponto de fazer com os estudantes se “desconectem” para se concentrar no que está sendo trabalhado. Conclusão: Conclui-se que a docência em cursos de medicina, em especial naqueles orientados pelas novas DCN, apresenta desafios variados que precisam ser compreendidos e contornados para propiciar uma prática exitosa.

Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Referencias

Masetto T. Competência pedagógica do professor universitário. São Paulo: Summus, 2003.

Jara-Gutiérrez NP, Díaz-López MM, Zapata-Castañeda PN. Desafíos educativos para el profesor de medicina: evaluación de su desempeño. Iatreia. 2015; 28(3): 292-99.

Camargo F. Por que usar metodologias ativas de aprendizagem? In: Camargo F, Daros T. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018. p. 3-7.

Pádua, GD. “Esses professores precisam de reciclagem”: a avaliação dos estudantes da UFU sobre as práticas didático pedagógicas dos docentes. Diversa prática. 2012; 1(1): 135-52.

Freire P. Pedagogia do oprimido. 47a ed. São Paulo: Paz e Terra; 2008.

Brasil. Ministério da Educação (BR). Resolução CNE/CES nº 3/2014, de 20 de Junho de 2014. Institui diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em medicina e dá outras providências. Diário Oficial da União. 23 Jun 2014.

Brasil. Presidência da República (BR). Lei nº 12.871, de 22 de Outubro de 2013. Institui o Programa Mais Médicos, altera as leis nº 8.745, de 9 de Dezembro de 1993, e nº 6.932, de 7 de Julho de 1981, e dá outras providências. Diário Oficial da União. 23 Out 2013.

Bondía JL. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Rev Bras Educ. 2002; (19):20-8.

Carvalho ICM. Biografia, identidade e narrativa: elementos para uma análise hermenêutica. Horiz Antropol. 2003; 9(19):283-302.

Oliveira MCSL. Narrativas e desenvolvimento da identidade profissional de professores. Cad CEDES. 2012; 32(88):369-78.

UFFS. Projeto Pedagógico do curso de graduação em medicina - Bacharelado. Chapecó, 2019. Disponível em: https://www.uffs.edu.br/atos-normativos/ppc/ccmech/2018-0001 [acesso de 01 de maio de 2019].

Feuerwerker LCM. Gestão dos processos de mudança na graduação em medicina. In: Marins JJN, Rego S, Lampert JB, Araújo JGC, organizadores. Educação médica em transformação: instrumentos para a construção de novas realidades. São Paulo: Hucitec; 2004. p. 17-39.

Souza DM, Mocelin J, Danielski K, Backes VMS. Entre a alienação e a libertação: da concepção bancária a concepção problematizadora da educação. In: Padro ML, Schimidt KR. A boniteza de ensinar e aprender na saúde. Florianópolis: NFR/UFSC; 2016. p. 37–59.

Daros T. Por que inovar na educação? In: Camargo F, Daros T. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018. p. 3-7.

Almeida MTC, Batista NA. Ser docente em métodos ativos de ensino-aprendizagem na formação do médico. Rev Bras Educ Med. 2011;35(4):468-76.

Conceição CV, Moraes MAA. Aprendizagem Cooperativa e a Formação do Médico Inserido em Metodologias Ativas: um Olhar de Estudantes e Docentes. Rev Bras Educ Med. 2018; 42(4):115-22.

Berbel NAN. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Semina Ciênc Sociais E Humanas. 2012; 32(1):25-40.

Vega Vaca ML, Vidal Rodriguez D, Del Pilar Garcia M. Avances acerca de los efectos del aprendizaje cooperativo sobre el logro académico y las habilidades sociales en relación com el estilo cognitivo. Rev Colomb Educ. 2013; 64:155-74.

Costa MCG, Mazzoni CJ, Braccialli LAD, Moraes MAA. Exercício de avaliação da prática profissional como estratégia de ensino e aprendizagem. Avaliação (Campinas). 2011;16(3): 675-84.

Makin, Simon. Searching for digital technology’s effects on well-being. Nature, 2018; 563: 138-40.

Wanderley TPSP, Batista MHJ, Dutra Júnior LS, Silva VC. Docência em saúde: tempo de novas tecnologias da informação e comunicação. Reciis – Rev Eletron Comun Inf Inov Saúde. 2018; out./dez.;12(4): 488-501.

World Health Organization. Framework for Action on Interprofessional Education and Collaborative Practice. [Internet] Genebra: WHO/HRH/HPN/10.3; 2010. [citado 12 jul 2017] Disponível em: http://www.who.int/hrh/nursing_midwifery/en/.

Batista N. A educação interprofissional na formação em saúde. In: Capozzolo AA, Casseto SJ, Henz AO, editores. Clínica comum: itinerários de uma formação em saúde. São Paulo: Hucitec; 2013. p.59-68.

Peduzzi M, Norman IJ, Germani ACCG, Silva JAM, Souza GC. Educação interprofissional: formação de profissionais de saúde para o trabalho em equipe com foco nos usuários. Rev esc enferm. 2013; 47(4): 977-83.

Fonseca GS, Junqueira SR, Botazzo C, Araujo ME. Da fragmentação à formação interprofissional: proposta de um modelo de estágio curricular supervisionado para a graduação em odontologia. Saúde em Redes. 2017; 3 (4):410-424.

Publicado

2020-12-11

Número

Sección

Temas de Ensino em Saúde

Cómo citar

1.
Fonseca GS, Barbato PR, Bagatini MD. Desafios da docência: reflexões a partir da vivência em um curso de graduação em medicina. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 2020 Dec. 11 [cited 2024 Dec. 18];53(4):479-8. Available from: https://journals.usp.br/rmrp/article/view/172412