A leitura francesa de Kelsen (ou como interpretar mal um autor e fazer com que ele diga o que não diz)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2319-0558.v11i2p285-296Palavras-chave:
Doutrina Jurídica Francesa, Hierarquia de Normas, Filosofia JurídicaResumo
Neste artigo, pretendo mostrar que, em França, a visão de Kelsen sobre Stufenbau é amplamente mal compreendida e que o seu nome está associado a um conceito específico de “hierarquia de normas” que nada tem a ver com os seus escritos. Na verdade, a doutrina jurídica francesa rejeita Kelsen como um todo, mas continua a utilizar uma versão de alguma forma modificada do conceito de Kelsen, chamada mais de “pirâmide de normas” em vez de “hierarquia de normas”. Esta versão muito francesa do conceito é usada tanto como forma de legitimar a ordem jurídica como para criticar o positivismo jurídico como um todo, ignorando em grande parte o ponto original de Kelsen. A principal consequência é que, em França, o trabalho de Kelsen é maioritariamente restrito a este aspecto dos seus escritos, deixando-o quase sempre não lido e incompreendido quando o seu nome e conceitos são usados nas primeiras aulas de estudos jurídicos.
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