O ethos da inexistência
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v37i1p228-244Palavras-chave:
Escritas autobiográficas, Literatura feminina, Estudos do discurso, Metalinguística, ArgumentaçãoResumo
Na linha do diálogo entre os estudos do discurso e os estudos da argumentação, analisamos a construção do ethos no paratexto da obra Recordações da minha inexistência - memórias, de Rebecca Solnit (2021). Tendo em vista uma escrita que traça um discurso contra hegemônico no contexto social subjacente, importa-nos observar como o projeto de dizer dessa escrita autobiográfica se articula em função da construção do ethos discursivo da autora-narradora-personagem. Para tanto, analisamos as construções discursivas dos elementos paratextuais da obra. Consideramos que o ethos da inexistência feminina nessa obra se dá em condições linguísticas e extralinguísticas que compõem um eu que ressoa na coletividade. A partir das análises do paratexto da referida obra, destacamos como a construção do ethos discursivo da autora-narradora-personagem reflete e refrata os conflitos sociais constitutivos da autorrepresentação feminina na contemporaneidade de forma aporética, demarcando a autorreferência feminina por meio da lógica de um não-lugar.
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