Os catecismos e a construção de conceitos: reflexão sobre os quadrinhos eróticos nos sistemas de organização do conhecimento
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2178-2075.incid.2024.210833Palavras-chave:
Catecismos, Quadrinhos eróticos, Organização do Conhecimento, Sistemas de Classificação, Memória e Organização do ConhecimentoResumo
Este artigo apresenta uma reflexão sobre as relações de poder que se instituem na formação social da cultura de massa e influenciam as produções e representações das histórias em quadrinhos consideradas “marginalizadas”, mais especificamente os catecismos de Carlos Zéfiro. Além disso, busca discutir como os quadrinhos eróticos são representados nos sistemas de organização do conhecimento. Para produzir a argumentação teórica foi realizada uma pesquisa bibliográfica com delineamento exploratório. Assim, a partir de uma perspectiva teórica verificou-se, como resultados, como os quadrinhos eróticos são tratados nos sistemas de classificação Classificação Decimal Dewey (CDD) e Classificação Decimal Universal (CDU), bem como nos cabeçalhos de assunto da Online Computer Library Centre (OCLC). Conclui-se que os sistemas de classificação não possuem notações específicas que distinguem os gêneros, temas, suportes e formatos de histórias em quadrinhos, tratando-os da mesma forma, fator que dificulta a recuperação da informação.
Downloads
Referências
ABUD, H. L. Catalogação de histórias em quadrinhos: uma metodologia de trabalho. In: ENCONTRO NACIONAL DE CATALOGADORES, 1., 2012, Rio de Janeiro. Anais […]. Rio de Janeiro: Enacat, 2012.
ACHILLES, D.; GONDAR, J. O. Abordagens teóricas sobre a memória social. In: FARIAS, Francisco Ramos de; PINHO, Leandro Garcia (org.). Educação memória história. Rio de Janeiro: Mauad X, 2017. p. 109-120.
ALMEIDA, M. A. Mudanças no universo dos quadrinhos: textos, materialidades e práticas culturais. Política & Trabalho, João Pessoa, n. 51, p. 24-42, 2020. Disponível em: https://www.proquest.com/openview/29dc229fc425e5072a013ade745a68ad/1?pq-origsite=gscholar&cbl=2040281. Acesso em: 28 jun. 2022.
ALVARENGA, L. A teoria do conceito revisitada em conexão com ontologias e metadados no contexto das bibliotecas tradicionais e digitais. DataGramaZero, v. 2, n. 6, 2001. Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/download/44685. Acesso em: 25 ago. 2022.
BAERWALDT, W. Carlos Zéfiro in black and white. Santa Monica: Umbrella, 1996.
BARI, V. A.; VERGUEIRO, W. As histórias em quadrinhos para a formação de leitores ecléticos: algumas reflexões com base em depoimentos de universitários. Comunicação & Educação, São Paulo, v. 13, p. 15-24, 2007. Disponível em: https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/334/1/Hist%c3%b3rias%20em%20Quadrinhos.pdf. Acesso em: 28 jun. 2022.
BATISTA, Y. G. B. Histórias em quadrinhos na biblioteca pública: uma mudança de paradigmas. 2010. 58 f. Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Faculdades Integradas de Jacarepaguá, Brasília, 2010.
BEALL, J. Graphic Novels in DDC: Discussion Paper. OCLC, [s. l.], 2014. Disponível em: https://www.oclc.org/en/dewey/discussion.html. Acesso em: 20 ago. 2022.
CALAZANS, F. M. A. As histórias em quadrinhos do gênero erótico. Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, Botucatu, v. 21, n. 1, p. 53-62, 1998.
CARDOSO, E. Zéfiro e os discursos morais no Brasil (1950-1970). 2014. 150 f. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal de Fluminense, Niterói, 2014.
CARVALHO, B. S. O processo de legitimação cultural das histórias em quadrinhos. 2017. 176f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27154/tde-31102017-123128/pt-br.ph. Acesso em: 09 set. 2022.
CEVASCO, M. E. Dez lições sobre estudos culturais. São Paulo: Boitempo, 2003.
COSTA, R. S.; ORRICO, E. G. D. A construção de sentido na informação das histórias em quadrinhos. DataGramaZero, v. 10, n. 2, 2009. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/6660. Acesso em: 28 jul. 2022.
DAHLBERG, I. Teoria do conceito. Ciência da informação, Brasília, v. 7, n. 2, 1978. Disponível em: https://revista.ibict.br/ciinf/article/view/115. Acesso em: 8 set. 2022.
DEL PRIORE, M. Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil. São Paulo: Planeta, 2012.
ECO, U. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 1979.
FARIA, M. I. L; PERICÃO, M. G. Dicionário do livro: da escrita ao livro eletrônico. São Paulo: Edusp, 2008.
FEE, W. T. B. Where is the justice… league?: graphic novel cataloging and classification. Serials Review, [s. l.], v. 39, n. 1, p. 37-46, 2013. DOI: 10.1080/00987913.2013.10765484.
GAIARSA, José A. Desde a pré-história até McLuhan. In: MOYA, Álvaro de. Shazam! São Paulo: Perspectiva, 1977. p. 115-120.
GEERTZ, C. The interpretation of cultures. Nova York: Basic Books, 1973.
KIKUCHI, F. L.; CALZAVARA, R. B. Histórias em quadrinhos: desenvolvimento cognitivo no Ensino Fundamental. Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas, Londrina, v. 10, n. 1, 2009. Disponível em: https://revistaensinoeeducacao.pgsskroton.com.br/article/view/864. Acesso em: 28 jun. 2022.
LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos, 1993.
LANGRIDGE, D. Classificação: abordagem para estudantes de biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 1977.
LARA, M. L. G. O processo de construção da informação documentária e o processo de conhecimento. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 7, n. 2, p. 127- 139, 2002. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/pci/article/view/23427. Acesso em: 25 jun. 2022.
LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. 14. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
LUYTEN, S. M. B. O que é história em quadrinhos. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
LUYTEN, S. M. B. O que é história em quadrinhos. São Paulo: Brasiliense, 1985.
MAGALHÃES, H. P. O submundo dos quadrinhos marginais. In: FERREIRA, E. M. A. (org.). Abordagens intersemióticas: artigos do I congresso nacional de literatura e intersemiose. Recife: Ermelinanda Maria Araújo Ferreira, 2021. p. 167-185.
MELLO, M. R. G.; MARTÍNEZ-ÁVILA, D. Colonialidade, classificação e poder. Liinc em Revista, Brasília, v. 17, n. 2, p. e5770, 2021. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/5770. Acesso em: 28 jun. 2022.
PORNOGRAFIA. In: Michaelis dicionário brasileiro da língua portuguesa. 15 jun. 2017. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=pornografia. Acesso em 15 ago. 2022.
MOREIRA, W. M. Digitalização de documentos como meio de acesso e preservação de uma memória da contracultura nacional: a Coleção de “Catecismos” de Carlos Zéfiro. 2012. 68 f. Monografia (Graduação em Arquivologia) – Centro de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
MOURA, M. A. Organização social do conhecimento e performatividade de gênero: dispositivos, regimes de saber e relações de poder. Liinc em Revista, Brasília, v. 14, n. 2, 2018. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/4472. Acesso em: 28 jun. 2022.
MOYA, Á. Shazam! São Paulo: Perspectiva, 1977.
NAVARRO, M. Pornografia impressa: uma análise dos catecismos de Carlos Zéfiro. Revista Anagrama, São Paulo, v. 4, n. 3, 2011.
NOBLE, S. U. Algorithms of oppression: Safiya Umoja Noble’s powerful exploration of search engines’ underlying hegemony and their racist, sexist practices. New York: New York University Press, 2018.
OLSON, H. A. The power to name: representation in library catalogs. Signs, Chicago, v. 26, n. 3 p. 639-668, 2001. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/3175535. Acesso em: 28 jun. 2022.
ONLINE COMPUTER LIBRARY CENTER. Busca em catálogo. [S. l.], 13 set. 2022. Disponível em: http://classify.oclc.org/classify2/ClassifyDemo?search-author-txt=carlos%20z%C3%A9firo&startRec=0. Acesso em: 13 set. 2022.
ORTEGA Y GASSET, J. Misión del bibliotecário. Ciudad de México: Consejo Nacional para La Cultura y Las Artes, 2005.
PAJEÚ, H. M.; MAIA, C. M.; BASSOLI, M. E.; LIMA, T. A. Uma nova proposta de classificação de histórias em quadrinhos. Biblionline, João Pessoa, v. 3, n. 2, 2007. Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/download/51351. Acesso em: 20 maio 2024.
PAVARINA, E. C. Regime plástico-visual das histórias em quadrinhos: aspectos históricos e tecnológicos. Comunicologia, Brasília, v. 15, n. 1, 2022. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RCEUCB/article/view/14166. Acesso em: 20 jan. 2023.
PIEDADE, M. A. R. Introdução à teoria da classificação. 2. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 1983.
REIS, V. J. S. A invisibilidade do feminismo negro nos instrumentos de representação do conhecimento: uma abordagem de representatividade social. 195f. 2019. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia, Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2019.
ROSARIO, L, O.; MILANEZ, N. O discurso da catequização do corpo nos “catecismos” de Carlos Zéfiro. In: COLÓQUIO DO MUSEU PEDAGÓGICO, 10., 2013, Salvador. [Anais...]. Salvador: UESB, 2013. p. 3797-3808.
SANTOS, M. O.; GANZAROLLI, M. E. Histórias em quadrinhos: formando leitores. Transinformação, Campinas, v. 23, p. 63-75, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tinf/a/D9KdmXLWyZcPhMcvH5cgpSg/abstract/?lang=pt. Acesso em: 28 jun. 2022.
SANTOS, M.; SILVA, C. Da criação artística à representação do imaginário e da cultura popular no gênero história em quadrinhos. Humanidades, San José, v. 12, n. 1, 2022.
SILVA, J. M. O Mundo dos Quadrinhos. [S. l.: s. n.], 2011. Disponível em: http://operamea.weebly.com/outros.html. Acesso em: 22 ago. 2022.
SMIT, J. O que é documentação. São Paulo: Brasiliense, 1986.
SOUZA, E.; TOUTAIN, L. B. Histórias em quadrinhos: barreiras para a representação documental. PontodeAcesso, Salvador, v. 4, n. 1, p. 78-95, 2010. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaici/article/view/3930. Acesso em: 13 set. 2022.
TARULLI, L. Cataloging and problems with Dewey: creativity, collaboration and compromise. In: R. G. WEINER (ed.). Graphic novels and comics in libraries and archives: essays on readers, research, history and cataloging. Jefferson: McFarland, 2010. p. 213-221.
VERGUEIRO, W. C. S. Brazilian comics: origin, development and future trends. In: L´HOESTE, H. F.; POBLETE, J. (org.). Redrawing the nation: national identity in latin/o american comics. New York: Palgrave MacMillan, 2009a. p. 151-170.
VERGUEIRO, W. C. S. Histórias em quadrinhos e serviços de informação: um relacionamento em fase de definição. DataGramaZero, v. 6, n. 2, p. A04-00, 2005.
VERGUEIRO, W. Pesquisa acadêmica em histórias em quadrinhos. São Paulo: Criativo, 2017.
VERGUEIRO, W. Uso das HQs no ensino. In: RAMA, A.; VERGUEIRO, W. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2009b.
WERTHAM, F. The seduction of the innocent. New York: Kennikat Press, 1954.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
ZAMBONI, R. C. V.; FRANCELIN, M. M. Garantia cultural, garantia ética e hospitalidade na organização e representação do conhecimento. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 12., Salvador, 2016. Anais […]. Salvador: ANCIB, 2016. Disponível em: https://www.brapci.inf.br/_repositorio/2017/01/pdf_76b26b57d1_0000021953.pdf. Acesso em: 22 jun. 2022.
ZÉFIRO, C. Catecismos do Brasil. Valência: El nadir Tres, 2016.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Etefania Cristina Pavarina, Deise Maria Antonio Sabbag, Daniele Achilles
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Ao encaminhar textos à InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, o autor concorda com as prerrogativas do DOAJ para periódicos de acesso aberto adotadas pela revista:
- concessão à revista o direito de primeira publicação sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY 4.0), que permite acessar, imprimir, ler, distribuir, remixar, adaptar e desenvolver outros trabalhos, com reconhecimento da autoria.
- autorização para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicado nesta revista , como a publicação em repositorios institucionais desde que o reconhecimento da autoria e publicação inicial na InCID
- leitores podem ler, fazer download, distribuir, imprimir, linkar o texto completo dos arquivos sem pedir permissão prévia aos autores e/ou editores, desde que respeitado o estabelecido na Licença Creative Commons Attribution (CC BY 4.0).
O trabalho publicado é considerado colaboração e, portanto, o autor não receberá qualquer remuneração para tal, bem como nada lhe será cobrado em troca para a publicação.
Os textos são de responsabilidade de seus autores. Citações e transcrições são permitidas mediante menção às fontes.