O filantrocapitalismo e a terceira geração da privatização da educação paulista
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202450262306Palavras-chave:
Filantrocapitalismo, Privatização, Educação básica, Terceira geração, São PauloResumo
Este artigo caracteriza a terceira geração da privatização da educação paulista, compreendida como resultado da incidência articulada de atores privados de base empresarial, organizados de forma sistêmica e institucional O sentido do processo apoia-se em Belfield e Levin ( 2002 ) e pressupõe a transferência de atividades e responsabilidades do governo estadual paulista para organizações privadas sobre três dimensões da política da educação: currículo, oferta educacional e gestão educativa (Adrião, 2018 ). O artigo compreende o período correspondente à vigência do formato original do Programa Compromisso São Paulo pela Educação, de 2011 a 2018, e analisa longitudinalmente as consequências do Programa Educação Integral (PEI) em dezesseis escolas piloto. Os dados derivam de pesquisa documental em páginas da web, documentos oficiais e bancos de dados. Os resultados indicam que: não há dados públicos sobre os programas analisados; o PEI não alterou condições de oferta ou impactou profundamente escolas que, em sua maioria, já estavam acima da média das demais; e a instalação da gestão corporativa da educação exercida por associações privadas foi capitaneada por filantrocapitalistas, que passaram a exigir retornos e evidências dos resultados de seus investimentos privados, condição que se contrapõe à gestão democrática da educação.
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