Dossiê "Do analógico à inteligência artificial: 30 anos de Comunicação & Educação"
Editoras Convidadas: Gisela Grangeiro da Silva Castro (ESPM, São Paulo, Brasil); Paola Ricaurte Quijano (Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey, México); Thaiane Moreira de Oliveira (Universidade Federal Fluminense, Brasil).
Este número especial temático registra por objetivo cobrir um período de importantes mudanças ocorridas no campo da comunicação e nos seus múltiplos nexos com a educação, as relações sociais, culturais etc., e que vêm sendo tratadas, analisadas, refletidas nas centenas de artigos publicados por C&E ao longo de três décadas.
Trata-se de um significativo intervalo temporal em que os jornais e revistas, a televisão, o rádio, para ficarmos nalguns veículos, conheceram um processo migratório, basicamente, provindo dos modelos analógicos e transitando rapidamente para os dispositivos digitais. A despeito de ser este último movimento algo recente já vem, por sua vez, recebendo os influxos de novos componentes tecno-tecnológicos ou sociotécnicos a exemplo da chamada inteligência artificial.
Somam-se a essas transformações, as formas de organização social, as tensões políticas, as mudanças culturais que marcaram estes trinta anos dentro e fora do Brasil, em seus vínculos com os variados desafios postos à educação. Bastaria lembrar as preocupações dirigidas à leitura crítica dos meios de comunicação e o direito à informação; aos desafios motivados pela desinformação / fake news e derivados; as dificuldades a serem enfrentadas pelo corpo docente com o espalhamento de “respondentes maquínicos” baseados no GPT; os problemas suscitados pela pandemia, com o fechamento das escolas e o acionamento do ensino remoto emergencial, cuja implementação dependeu, diretamente, do uso dos dispositivos de comunicação; a ação das big techs e seus braços voltados à “educação” formal etc. Tais temas se encontram no arco de preocupações dos textos publicados pela Revista e sobre os quais precisamos continuar pesquisando e colocando à disposição da sociedade.
Enfim, estamos, com este número especial frente à possibilidade de realizar uma espécie de balanço da trajetória percorrida pela Revista e suas contribuições em âmbitos como: o do amadurecimento teórico e metodológico da educomunicação; o das propostas e alternativas de trabalho voltadas à interface comunicativo-educativa; o da reflexão sobre as mudanças ocorridas nos processos comunicacionais.
Há, portanto, um roteiro do amplo espectro, residual e emergente (para lembrar Raymond Williams) que pode ser abrigado nestes 30 anos de existência da Revista considerados, por evidente, os propósitos editorias da Comunicação & Educação.
Esperam-se contribuições teórico-metodológicas oriundas de pesquisas científicas e/ou ensaios teóricos que abarquem a área da Comunicação e sua vinculação à comunicação/educação, educomunicação, educação midiática, mídia educação, entre outros denominativos que possam abranger as relações da comunicação com a educação.