Ruy Cinatti e a representação do "outro": ambiguidades e contradições
DOI:
https://doi.org/10.11606/va.i1.199660Palavras-chave:
colonialismo, identidade, alteridade, orientalismoResumo
O poeta, ensaísta e homem de ciência português Ruy Cinatti (1915-1986) desenvolveu atividade profissional como alto funcionário da administração colonial e, embora integrado na estrutura oficial do regime e subscrevendo a narrativa sobre a missão histórica de Portugal de civilizar e educar os povos indígenas dos territórios colonizados, desenvolveu, em paralelo, um fascínio pelas terras timorenses e pelas suas gentes. Cinatti defendia, ainda que dentro do quadro colonial, um desenvolvimento do território que favorecesse o crescimento dos timorenses sem ofender as suas tradições culturais. No presente ensaio, refletimos se Cinatti, ao inaugurar discursivamente uma nova relação de alteridade, não estaria, do ponto de vista epistemológico, antecipando as teses do orientalismo, doutrina que, nas décadas seguintes, afirmaria que a perceção do Oriente constitui uma imagem estereotipada do homem ocidental, construída para justificar uma alegada superioridade ética e civilizacional dos europeus e legitimar a dominação colonial.
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