O que podemos aprender com obras de arte sobre autonomia em saúde de crianças com condições crônicas complexas?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-2770.v27i2p67-74

Palavras-chave:

Autonomia, Pediatria, Bioética

Resumo

O debate sobre autonomia de crianças e adolescentes com condições crônicas complexas – estas definidas como qualquer doença em que se espera duração de pelo menos 12 meses com acometimento de múltiplos órgãos ou sistemas, necessitando de acompanhamento especializado – traz temáticas pungentes e reflexões importantes para aqueles que lidam diretamente com o cuidado destes. Entendendo que essas decisões devem ser guiadas baseadas no respeito à dignidade humana e visando o melhor interesse da criança, perguntamo-nos a quem cabe definir qual é este melhor interesse e como se insere a criança ou o adolescente envolvido na demonstração de vontades, valores e interesses próprios. As discussões são múltiplas, e deste ponto advêm considerações relevantes quanto a relações da criança, sua dependência e vulnerabilidade e sua capacidade evolutiva de tomadas de decisão. Este desafio para uma relação respeitosa à autonomia da criança será o objetivo de discussão deste artigo. Foi realizada uma análise reflexiva tendo como perguntas norteadoras: “Como a criança e o adolescente podem aplicar sua autonomia nas decisões em saúde?”; “Como conversar com crianças e familiares sobre a adequação do suporte à saúde?”; “Como se insere a criança ou o adolescente envolvidos na demonstração de vontades, valores e interesses próprios?”, “Quem é o responsável pelo melhor interesse da criança e do adolescente nas tomadas de decisão em saúde?”, e levantando como pontos de debate o livro A Balada de Adam Henry e os filmes Um ato de esperança (título original The children act) e Uma prova de amor (título original My sister’s keeper). Em torno desse livro e filmes giraram discussões sobre questões éticas relacionadas à autonomia na tomada de decisão em saúde de crianças e adolescentes, requisitos e avaliação para estas tomadas de decisão, conflitos entre família, equipe de saúde e paciente, adequação de medidas de suporte à vida, dentre outras.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Aline Maria de Oliveira Rocha, Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP, Brasil

    Docente do Centro Universitário São Camilo. Doutoranda do programa de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo.

  • Gisele Joana Gobbetti, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Departamento de Medicina Legal, Bioética, Medicina do Trabalho e Medicina Física e Reabilitação, São Paulo, SP, Brasil

    Psicóloga Responsável do Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual- CEARAS e Professora de Bioética da Graduação e Pós-Graduação da FMUSP.

Referências

Vicente AL. Panorama da Bioética infantil na América Latina. Rev Bioét. 2019;27(1):76-85. DOI: https://doi.org/10.1590/1983-80422019271289

Costa SIF, Oselka G, Garrafa V, coordenadores. Iniciação à Bioética. 1ª ed. Brasília: Conselho Federal de Medicina; 1998.

Gracia D. Pensar a bioética: metas e desafios. 1ª ed. São Paulo: Edições Loyola; 2010.

American Academy of Pediatrics. Committee on Bioethics. Informed consent, parental permission and assent in pediatric practice. Pediatrics. 1995;95(2):314-7.

Diniz D, Guilhem D. O que é Bioética? 1ª ed. São Paulo: Editora Braziliense; 2002.

Feudtner C, Hays RM, Haynes G, Geyer JR, Neff JM, Koepsell TD. Deaths attributed to pediatric complex chronic conditions: national trends and implications for supportive care services. Pediatrics. 2001;107(6):E99. DOI: https://doi.org/10.1542/peds.107.6.e99

Madeira IR. A bioética pediátrica e a autonomia da criança. Resid Pediatr. 2011;1(Supl. 1):10-4. DOI: https://doi.org/10.25060/residpediatr-2011.v1s1-03

Hirschheimer MR, Troster EJ. Crianças e adolescentes gravemente enfermos. In: Constantino CF, Barros JCR, Hirschheimer MR, editores. Cuidando de crianças e adolescentes sob o olhar da ética e bioética. 1ª ed. São Paulo: Atheneu; 2009. p. 87-112.

Armijo PP, Hurtado LSJ, Ocares MCM. Implicancias éticas en el manejo del niño gravemente enfermo atendido en una Unidad de Paciente Crítico Pediátrica. Acta Bioethica. 2014;20(1):51-9. DOI: http://dx.doi.org/10.4067/S1726-569X2014000100006

Cabrera Díaz E. Concepciones bioéticas de la cultura occidental sobre la autonomía de niños y niñas. Revista Colombiana de Bioética [Internet]. 2011 [Acesso em 2017 nov. 15];6(2):45-61. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=189222558004

Puyol A. Hay bioética más allá de la autonomía. Revista de Bioética y Derecho [Internet]. 2012 [Acesso em 2017 nov. 15];(25):45-58. Disponível em: https://bit.ly/2TGrfQO

Albuquerque R, Garrafa V. Autonomía e individuos sin la capacidad para consentir: el caso de los menores de edad. Rev bioét [Internet]. 2016 [Acesso em 2017 nov. 15];24(3):452-8. Disponível: https://bit.ly/2GKPrOz. DOI: https://doi.org/10.1590/1983-80422016243144

Orkin J, Beaune L, Moore C, Weiser N, Arje D, Rapoport A, Netten K, Adams S, Cohen E, Amin R. Toward an understanding of advance care planning in children with medical complexity. Pediatrics. 2020;145(3):e20192241. DOI: https://doi.org/10.1542/peds.2019-2241

Krick JA, Hogue JS, Reese TR, Studer MA. Uncertainty: an uncomfortable companion to decision-making for infants. Pediatrics. 2020;146(Supl. 1):S13-S17. DOI: https://doi.org/10.1542/peds.2020-0818E

de Oliveira Júnior EQ. Testemunhas de Jeová e a transfusão de sangue [Internet]. São Paulo; 2019. [Acesso em 2017 nov. 15]. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/313870/testemunhas-de-jeova-e-a-transfusao-de-sangue

Sillmann MCM. Competência e recusa de tratamento médico por crianças e adolescentes: um necessário diálogo entre o biodireito e o direito infanto-juvenil. 1ª ed. Belo Horizonte: Editora D´Plácido; 2019.

Iwamoto LPM, Maluf F, de Sá NM. Cuidados paliativos pediátricos: reflexão bioética. SciELO Preprints [Internet]. 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/SciELOPreprints.1647. [Epub ahead of print]

Downloads

Publicado

2022-12-28

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

1.
Rocha AM de O, Gobbetti GJ. O que podemos aprender com obras de arte sobre autonomia em saúde de crianças com condições crônicas complexas?. Saúde ética justiça [Internet]. 28º de dezembro de 2022 [citado 3º de dezembro de 2024];27(2):67-74. Disponível em: https://journals.usp.br/sej/article/view/203694