Esquizofrenia e direção veicular: uma revisão sistemática da literatura
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-2770.v22i2p72-80Resumo
Introdução: O diagnóstico de esquizofrenia vem, ao longo dos anos, carregado de um processo histórico de transformações sob o olhar da sociedade. Nesse âmbito, a esquizofrenia é vista atualmente como doença degenerativa, de caráter demencial progressivo, com prejuízo global de suas funções e declínio cognitivo, gerando muito comumente, uma vida marcada por preconceito e exclusão, inclusive no âmbito de mobilidade no que se diz respeito à direção veicular. Concomitante a esses dados, existe uma escassez de trabalhos de investigação sobre acidentes de automóveis em condutores portadores de esquizofrenia, apesar de alguns estudos apontarem no sentido de maior potencial fator de risco. Objetivo: O objetivo desta revisão bibliográfica foi levantar estudos na literatura que tragam informações acerca do paciente portador de esquizofrenia e direção veicular, buscando responder se podem ou não ser liberados através do exame mental/psicológico. Método: Realizou-se uma revisão sistemática da literatura científica sobre a relação entre esquizofrenia e direção veicular. Resultados: Existem estudos que sugerem um maior número de infrações às regras de trânsito e acidentes de viação em pacientes esquizofrênicos, porém esta diferença não fora observada por outros autores. Houve uma tendência de distorção de feedback visual nos pacientes em relação à população geral, além de erros de processamento sensorial. Esquizofrênicos que dirigiam apresentaram-se melhores no exame do estado mental que esquizofrênicos não motoristas. As taxas de acidente encontradas foram quase idênticas nos grupos de pacientes com transtornos psicóticos e controle, e que além disso, taxas de acidentes com lesões podem ser equiparadas com as da população geral. Conclusão: Diante dos dados expostos, fica evidente a relação entre esquizofrenia e prejuízo cognitivo. Porém os estudos traçados não permitiram exercer com solidez a aferição destas perdas mentais, e tampouco demonstrar o impacto na direção veicular. Em suma, torna-se de extrema importância investigação mais apurada destes pacientes, para que não sejam indevidamente impedidos de exercer o ato da direção veicular. À medida que mais estudos surgirem, os profissionais da Medicina de Tráfego obterão mais embasamento teórico em sua avaliação mental.
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