Empreendedoras do Turismo: uma análise pós-estruturalista da performance de gênero
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-4867.v33i3p1-22Palavras-chave:
Gênero, Empreendedorismo no Turismo, Performance de Gênero, Judith Butler, Pós-estruturalismoResumo
Este estudo tem como objetivo compreender como mulheres empreendedoras do turismo fazem e desfazem gênero no seu empreender, buscando verificar ainda como elas desafiam a heteronormatividade binária de gênero existente no discurso do empreendedorismo. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com empreendedoras brasileiras do turismo, sendo os dados analisados por meio da técnica análise de conteúdo. A partir de uma ótica pós-estruturalista, pôde-se observar que as entrevistadas vivenciam no dia a dia expectativas de gênero que as pressiona a seguir certos padrões performáticos. Elas ora performam o feminino, ao lidar com o trabalho e o lar, desempenhando verdadeiros malabarismos como “mulheres polvo”; ora o masculino promulgando práticas ressignificativas no trabalho de maneira a atuar a partir de uma tendência estereotipadamente masculina. É possível perceber, a partir das análises realizadas, que a performance de gênero não é algo binário, sendo o masculino pertencente ao homem e o feminino a mulher, uma vez que indivíduos performam de diversas formas para sua sobrevivência social. As falas analisadas indicam que, o gênero varia de acordo com os espaços, corroborando com a problemática de performance de gênero desenvolvida Judith Butler. Este artigo evidencia as estratégias de enfrentamento utilizadas pelas empreendedoras frente aos desafios vividos, como assédio e machismo, resultando em performances que as levam a fazer e desfazer gênero nos diversos espaços sociais.
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