Nascer no Brasil: a presença do acompanhante favorece a aplicação das boas práticas na atenção ao parto na região Sul

Autores

  • Juliana Jacques da Costa Monguilhott Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Departamento Acadêmico de Saúde e Serviços
  • Odaléa Maria Brüggemann Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
  • Paulo Fontoura Freitas Universidade do Sul de Santa Catarina. Núcleo de Orientação em Epidemiologia. Curso de Medicina
  • Eleonora d’Orsi Universidade Federal de Santa Catarina. Departamento de Saúde Pública. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

DOI:

https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052006258

Palavras-chave:

Parto Humanizado. Humanização da Assistência. Direitos do Paciente. Prática Clínica Baseada em Evidências. Serviços de Saúde Materno-Infantil.

Resumo

OBJETIVO: Analisar se a presença do acompanhante favorece a aplicação das boas práticas na atenção ao parto na região Sul do Brasil. MÉTODOS: Análise transversal do estudo longitudinal Nascer no Brasil. Foram analisados dados de 2.070 mulheres da região Sul que entraram em trabalho de parto. Os dados foram coletados entre fevereiro e agosto de 2011, por meio de entrevista e prontuário. Realizou-se análise bivariada e multivariada, calculando-se razões de prevalência brutas e ajustadas por regressão de Poisson com estimação de variância robusta. Adotou-se nível de significância de 5%. RESULTADOS: A maioria das mulheres teve o acompanhante durante o trabalho de parto (51,7%), mas poucas permaneceram com ele no parto (39,4%) ou na cesariana (34,8%). Menos da metade das mulheres teve acesso às várias práticas recomendadas, enquanto práticas não recomendadas continuam sendo realizadas. No modelo ajustado por idade, escolaridade, fonte de pagamento do parto, paridade e escore da Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado, a presença do acompanhante esteve estatisticamente associada à maior oferta de líquidos/alimentos (RPa = 1,34), prescrição de dieta (RPa = 1,34), uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor (RPa = 1,37), amniotomia (RPa = 1,10), analgesia peridural ou ráqui (RPa = 1,84), adoção de posição não litotômica no parto (RPa = 1,77), permanência na mesma sala durante o trabalho de parto, parto e pós-parto (RPa = 1,62), contato pele a pele no parto (RPa = 1,81) e na cesariana (RP = 2,43), bem como redução da manobra de Kristeller (RPa = 0,67), tricotomia (RPa = 0,59) e enema (RPa = 0,49). CONCLUSÕES: Na região Sul do Brasil, além de sofrer várias intervenções desnecessárias, a maioria das mulheres não têm acesso às boas práticas. A presença do acompanhante está associada a diversas práticas benéficas e à redução de algumas intervenções, embora outras não sofram impacto.

Publicado

2018-01-16

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Monguilhott, J. J. da C., Brüggemann, O. M., Freitas, P. F., & d’Orsi, E. (2018). Nascer no Brasil: a presença do acompanhante favorece a aplicação das boas práticas na atenção ao parto na região Sul. Revista De Saúde Pública, 52, 100. https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052006258