Reutilização do detergente enzimático no processamento de gastroscópios: uma potencial fonte de transmissão de microrganismos
DOI:
https://doi.org/10.1590/1518-8345.3101.3211Palavras-chave:
Segurança do Paciente; Endoscópios; Detergentes; Saneantes; Microbiologia; Controle de InfecçãoResumo
Objetivo:
avaliar a potencial contaminação do detergente enzimático a partir de seu reuso e identificar o perfil microbiológico na solução utilizada na limpeza de aparelhos endoscópicos gastrointestinais.
Método:
estudo transversal realizado a partir da análise microbiológica de 76 alíquotas de 19 diferentes soluções de detergente enzimático utilizadas na limpeza de aparelhos endoscópicos. As alíquotas foram homogeneizadas, submetidas a filtração em membrana Millipore® 0,45µm e a identificação presuntiva dos microrganismos foi realizada por métodos bioquímico-fisiológico conforme grupos bacterianos específicos previamente estabelecidos e que apresentam importância clínica e epidemiológica.
Resultados:
Os valores médios, assim como o desvio-padrão e a mediana, da carga microbiana do detergente enzimático foram crescentes à medida que a solução foi reutilizada. Houve diferença significativa entre as médias de após primeiro uso e após quinto reuso. Foram identificados 97 microrganismos, com predomínio dos gêneros Staphylococcus coagulase negativa, Pseudomonas spp., Klebsiella spp., Enterobacter spp., e da espécie Escherichia coli.
Conclusão:
O reuso da solução de detergente enzimático constitui um risco ao processamento seguro dos aparelhos endoscópios, evidenciado pela sua contaminação com microrganismos que apresentam potencial patogênico, uma vez que o detergente enzimático não possui propriedade bactericida e pode contribuir como fonte importante para surtos em pacientes submetidos a tais procedimentos.