A Era das Revoluções, de Fareed Zakaria: um truque às custas de vivos e mortos

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DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2025.228502

Resumo

"A Era das Revoluções", de Fareed Zakaria, publicado em 2024, tem como fio condutor a relação entre revoluções passadas (nos Países Baixos, Inglaterra, Estados Unidos e França) e as transformações atuais, que ele qualifica enquanto revolucionárias. O autor divide a história em duas tradições: uma revolucionária holandesa e anglo-saxã, que levou ao liberalismo, e outra originada na Revolução Francesa, que gerou regimes autoritários “iliberais” ou populista. Para Zakaria, a França figura como uma espécie de pecado original, cujas consequências moldaram as “revoluções” contemporâneas. A “marca de nascença” do iliberalismo francês estaria presente em cenários tão díspares quanto a Rússia de Lênin, os Estados Unidos de Trump e a China contemporânea. A resenha critica o livro por sua superficialidade e omissões – com a desconsideração completa do impacto das Revoluções Caribenhas e Sul-Americanas – e pelo uso desonesto da historiografia que é mencionada ao longo do próprio livro.

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Biografia do Autor

  • Daniel Gomes de Carvalho, Universidade de São Paulo

    Doutor pelo Programa de Pós-graduação em  História Social, Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), onde hoje é professor na área de História Moderna

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Publicado

2025-04-04

Edição

Seção

Resenhas

Como Citar

CARVALHO, Daniel Gomes de. A Era das Revoluções, de Fareed Zakaria: um truque às custas de vivos e mortos. Revista de História, São Paulo, n. 184, p. 1–11, 2025. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2025.228502. Disponível em: https://journals.usp.br/revhistoria/article/view/228502.. Acesso em: 14 abr. 2025.