Lares partidos: o impacto do comércio interno de escravizados sobre as famílias cativas e negras, Salvador/Ba e Campinas/SP, 1850-1881
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2019.145917Palavras-chave:
Comércio interno, Família, Legislação, Agência, alforriaResumo
Este artigo tem como objetivo investigar os impactos do comércio interno de escravizados sobre as famílias cativas e negras, nas cidades de Campinas e Salvador. Estudamos não apenas se houve manutenção ou rompimento dos laços de parentesco, mas também as reações dos escravizados e seus parentes adiante a possibilidade de venda. Para isso, ampliamos nosso enfoque da família cativa à família negra para evidenciar e compreender processos que envolveram familiares cativos, libertos e livres. Buscamos entender as ações das famílias para manter a sua coesão, usando a legislação vigente e as negociações diretas com os senhores ao longo da segunda metade do século XIX. Constatamos que ao mesmo tempo em que a legislação foi respeitada, em outros tantos momentos as regras não o foram, e as famílias precisaram lutar pela integridade de seus lares, reclamando o cumprimento do que estava escrito ou exprimindo as suas próprias interpretações das letras da lei.
Downloads
Referências
BRASIL. Lei nº 2.040, de 28 de setembro de 1871. Declara de condição livre os filhos de mulher escrava que nascerem desde a data desta lei, libertos os escravos da Nação e outros, e providencia sobre a criação e tratamento daquelles filhos menores e sobre a libertação annaul de escravos. Rio de Janeiro: Presidência da República, 1871. Disponível em: https://bit.ly/2lQX6m0. Acesso em: 12 set. 2019.
BRASIL. Decreto nº 5.135, de 13 de novembro de 1872. Approva o regulamento geral para a execução da lei nº 2040 de 28 de Setembro de 1871. Rio de Janeiro: Coleção de Leis do Império do Brasil, 1872. Disponível em: https://bit.ly/2GURArI. Acesso em: 12 set. 2019.
CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
CONRAD, Robert. Os últimos anos da escravatura no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
CONRAD, Robert. Tumbeiros: o tráfico de escravos para o Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1985.
COWLING, Camillia. Conceiving Freedom: women of color, gender, and the abolition of slavery in Havana and Rio de Janeiro. Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 2013.
COWLING, Camillia et al. Mothering slaves: comparative perspectives on motherhood, childlessness, and the care of children in Atlantic slave societies. Slavery & Abolition, [Abingdon], v. 37, n. 2, p. 223-231, 2017. Disponível em: https://bit.ly/2lQY5mc. Acesso em: 31 jul. 2019. Doi: https://doi.org/10.1080/0144039X.2017.1316959.
ELTIS, David. Europeans and the Rise and Fall of African Slavery in the Americas: An interpretation. The American Historical Review, Oxford, v. 98, n. 5, p. 1399-1423, 1993. Disponível em: https://bit.ly/2khZuSg. Acesso em: 31 jul. 2019. Doi: doi.org/10.2307/2167060.
FLAUSINO, Camila Carolina. Negócios da escravidão: tráfico interno de escravos em Mariana, 1850-1888. Dissertação de Mestrado em História, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2006.
KLEIN, Herbert S. The Internal Slave Trade in Nineteenth-Century Brazil: A study of slave importations into Rio De Janeiro in 1852. The Hispanic American Historical Review, Durham, v. 51, n. 4, p. 567-585, 1971. Disponível em: www.jstor.org/stable/2512051. Acesso em: 31 jul. 2019. Doi: doi.org/10.2307/2512051.
MACHADO, Maria Helena Pereira Toledo. Crime e escravidão: trabalho, luta e resistência nas lavouras paulistas, 1830-1888. São Paulo: Brasiliense, 1987.
MATTOSO, Kátia M. de Queirós. Família e sociedade na Bahia do século XIX. São Paulo: Corrupio; CNPq, 1988.
MOTTA, José Flávio. A lei, ora a lei! driblando a legislação no tráfico interno de escravos no Brasil (1861-1887). História e Economia: revista interdisciplinar, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 15-28, 2012a.
MOTTA, José Flavio. Escravos daqui, dali e de mais além: o tráfico interno de cativos na expansão cafeeira paulista (Areias, Guaratinguetá, Constituição/Piracicaba e Casa Branca, 1961-1887). São Paulo: Alameda, 2012b.
MOTTA, José Flávio. Crianças no apogeu do tráfico interno de escravos (Piracicaba, província de São Paulo, 1874-1880). História econômica & história de empresas, v. 18, n. 2, p.291-322, 2015. Disponível em: https://bit.ly/2kJHa4u. Acesso em: 12 set. 2019. Doi: https://doi.org/10.29182/hehe.v18i2.423.
NEVES, Erivaldo Fagundes. Sampauleiros traficantes: comércio de escravos do alto sertão da Bahia para o Oeste cafeeiro paulista. Afro-Ásia, Salvador, v. 24, p. 97-128, 2000. Disponível em: https://bit.ly/2kdZe6D. Acesso em: 31 jul. 2019. Doi: http://dx.doi.org/10.9771/1981-1411aa.v0i24.20997.
OLIVEIRA, Joice Fernanda de Souza. Forasteiros no oeste paulista: escravos no comércio interno de cativos e suas experiências em Campinas, 1850-1888. Dissertação de Mestrado em História, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2013.
PARÉS, Luis Nicolau. O processo de crioulização no recôncavo baiano (1750-1800), Afro-Ásia, Salvador, v. 33, p. 87-132, 2005. Disponível em: https://bit.ly/2kJK7C7. Acesso em: 31 jul. 2019. Doi: http://dx.doi.org/10.9771/1981-1411aa.v0i33.21102.
PARGAS, Damian Alan. Slavery and Forced Migration in the Antebellum South. New York: Cambridge University Press, 2015.
PIRES, Maria de Fátima Novaes. Fios da vida: tráfico interprovincial e alforrias nos Sertoins de Sima-BA (1860-1920). São Paulo: Annablume, 2009.
REIS, Isabel Cristina Ferreira dos. Família negra no tempo da escravidão: Bahia, 1850-1888. Tese de Doutorado em História, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.
SCHEFFER, Rafael da Cunha. Comércio de escravos do Sul para o Sudeste, 1850-1888: economias microregionais, redes de negociantes e experiência cativa. Tese de Doutorado em História, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos. Engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. São Paulo: Companhia das Letras; CNPq, 1988.
SLENES, Robert W. The demography and economics of Brazilian slavery: 1850-1888. Tese de Doutorado em História, Stanford University, Stanford, 1976.
SLENES, Robert W. The Brazilian internal slave trade, 1850-1888: Regional economies, slave experience and the politics of a peculiar market. In: JOHNSON, Walter (ed.). The Chattel Principle: internal slave trade in the Americas. New Haven: Yale University Press, 2004, p. 331-359.
SOUSA, Talyta Marjorie Lira. Família escrava: casamento misto entre escravizados na cidade de Teresina na segunda metade do século XIX. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, Santa Vitória do Palmar, v. 5, n. 9, p. 105-120, 2013.
VIANA FILHO, Luís. O negro na Bahia. São Paulo: Martins; INL, 1976.
WILLIAMS, Heather Andrea. Help me to Find my People: The African American search for family lost in slavery. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2012.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Revista de História
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ (CC BY). Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (veja O Efeito do Acesso Livre).