Como ver o que nos olha?
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i17p188-208Schlagwörter:
Didi-Huberman, SANAA, Fenomenologia, AtmosferaAbstract
Esse artigo tem como foco central a análise das rasgaduras e aparições, e do paradoxo entre o modo de presença das coisas em relação à percepção que delas podemos ter. Isto é, o modo da presença ausente que revela ser o processo perceptivo marcado pela ambiguidade. Para tanto, me debruço sobre a apropriação dos espaços arquitetônicos pelo sujeito na construção de um lugar singular, tomando como estudo de caso o projeto do escritório japonês SANAA para o Campus Vitra (2006) em Weil am Rhein na Alemanha, por sua configuração única. Com vistas a dar conta dessa narrativa, visitei o Campus Vitra, com o intuito de experimentar, vivenciar e comprovar se a prática projetual e construtiva de Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, opera de fato em sentido contrário ao mainstream, e, como sua arquitetura pode ou não transformar a relação e a percepção do fruidor com o entorno. Como fortuna crítica remeto às reflexões do arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa (1936), relacionada a apreensão psíquica da arquitetura obtida a partir do conceito de atmosfera – como um espaço sintonizado composto por um conjunto de elementos indefinidos e espacialmente distribuídos – e ao conceito da fenomenologia focada na atmosfera sob o ponto de vista do filósofo alemão Gernot Böhme. Para o filósofo, a atmosfera não se refere a características espirituais, mas a uma atitude reflexiva e crítica relacionada à consciência da corporeidade e da percepção do indivíduo.
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