As sugar babies são empresas e os sugar daddies são investidores-anjo: uma análise sobre os relacionamentos sugar e suas vinculações com elementos de uma racionalidade neoliberal
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2023.205473Palabras clave:
Relacionamentos sugar, Sites para relacionamentos, Mídias digitais, Racionalidade neoliberal, DiferençasResumen
Os relacionamentos sugar heterossexuais são compostos pelos sugar daddies e pelas sugar babies. A ajuda financeira é um fator imprescindível para essas configurações, uma vez que elas presumem cenários em que um sugar daddy arca com os gastos financeiros e aspirações de consumo de uma sugar baby conforme as negociações que ambos fazem entre si ao decorrer do vínculo. Majoritariamente, essas pessoas se conhecem através de sites de relacionamentos que prometem conectá-las. Este artigo apresenta uma análise acerca das diferenças, como as de gênero, classe, raça e idade, e de uma racionalidade neoliberal em relacionamentos sugar, exprimindo o percurso de uma etnografia realizada em contextos digitais que coletou e analisou os seguintes dados: 1) Perfis de sugar babies em um site de busca por relações sugar; 2) Entrevistas com sugar babies; 3) Publicações do site em suas vias digitais de divulgação. De modo geral, constata-se que esses relacionamentos se configuram
mediante hierarquias sociais fundamentadas em desigualdades de gênero, classe e raça, e visualiza-se a operacionalidade de uma racionalidade neoliberal que inculca nesse meio o empreendedorismo de si como condição fundamental para o encontro do par ideal.
Descargas
Referencias
ABÍLIO, Ludmila.; AMORIM, Henrique.; GROHMANN, Rafael (2021). Uberização e plataformização do trabalho no Brasil: conceitos, processos e formas. Sociologias, Porto Alegre, ano 23, n. 57, p. 26-56. https://doi.org/10.1590/15174522-116484
ADELMAN, Miriam (2011). Por amor ou por dinheiro? Emoções, discursos, mercados. Contemporânea: Revista de Sociologia da UFSCar, São Carlos, v. 1, n. 2, p. 117-38. https://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/article/view/43 (acesso em 18/04/2023).
BATISTA, Paulo Nogueira (2009). “O consenso de e a visão neoliberal dos problemas latino-americanos”. In: BATISTA JÚNIOR, Paulo Nogueira (org.). Paulo Nogueira Batista: pensando o Brasil: ensaios e palestras. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, p. 115-62.
BAYM, Nancy (2011). “Social Networks 2.0”. In: CONSALVO, Mia.; ESS, Charles (orgs.). The handbook of internet studies. Hoboken: Wiley-Blackwell, p. 384-405.
BAYM, Nancy (2015). Personal connections in the digital age. Cambridge: Polity Press.
CABANAS, Edgar; ILLOUZ, Eva (2022). Happycracia: fabricando cidadãos felizes. São Paulo: Ubu Editora.
CAMINHAS, Lorena Rúbia Pereira (2021). Webcamming erótico comercial: nova face dos mercados do sexo nacionais. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 64, n. 1, e184482, p. 1-22. http://dx.doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.184482
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian (2016). A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo Editorial.
GUNNARSSON, Lena.; STRID, Sofia (2022). Chemistry or service? Sugar daddies’ (re)quest for mutuality within the confines of commercial exchange. The Journal of Sex Research, v. 59, n. 3, p. 309-320. https://doi.org/10.1080/00224499.2021.1952155
GUNNARSSON, Lena.; STRID, Sofia (2021). Varieties of sugar dating in Sweden: content, compensation, motivations. Social Problems, spab063. https://doi.org/10.1093/socpro/spab063
HARVEY, David (1992). Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola.
HINE, Christine (2015). Ethnography for the internet: embedded, embodied and everyday. London: Bloomsbury Academic Publishing.
ILLOUZ, Eva (2007). Cold intimacies: the making of emotional capitalism. Cambridge: Polity Press.
ILLOUZ, Eva (1997). Consuming the romantic utopia: love and the cultural contradictions of capitalism. Berkeley: University of California Press.
ILLOUZ, Eva (2014). Hard romance: Cinquante Nuances de Grey et nous. Paris: Éditions du Seuil.
ILLOUZ, Eva (2003). Oprah Winfrey and the glamour of misery: an essay on popular culture. New York: Columbia University Press.
ILLOUZ, Eva (2019). The end of love: a sociology of negative relations. Oxford: Oxford University Press.
LOVELUCK, Benjamin (2018). Redes, liberdades e controle: uma genealogia política da internet. Petrópolis: Vozes.
MACKENZIE, Donald; WAJCMAN, Judy (1999). “Introductory essay: the social shaping of technology”. In: MACKENZIE, Donald; WAJCMAN, Judy. The social shaping of technology. Philadelphia: Open University Press, p. 3-27.
MILLER, Daniel; HORST, Heather (2015). O Digital e o Humano: prospecto para uma Antropologia Digital. Parágrafo, São Paulo, v. 2, n. 3, p. 91-111. https://revistaseletronicas.fiamfaam.br/index.php/recicofi/article/view/334 (acesso em 18/04/2023).
MISKOLCI, Richard (2021). Batalhas morais: política identitária na esfera pública técnico-midiatizada. Belo Horizonte: Autêntica.
MISKOLCI, Richard (2017). Desejos digitais: uma análise sociológica da busca por parceiros on-line. Belo Horizonte: Autêntica.
NAYAR, Kavita Ilona (2017). Sweetening the deal: dating for compensation in the digital age. Journal of Gender Studies, v. 26, n. 3, p. 335-346. http://dx.doi.org/10.1080/09589236.2016.1273101
PELÚCIO, Larissa (2019). Amor em tempos de aplicativos: masculinidades heterossexuais e a nova economia do desejo. São Paulo: Annablume.
PELÚCIO, Larissa (2022). A uberização do amor - aplicativos de encontros em cenário tecnoliberal e pandêmico. Revista TOMO, Sergipe, n. 41, p. 199-232. https://doi.org/10.21669/tomo.vi41.17480
PISCITELLI, Adriana; et al (2011). Gênero, sexo, amor e dinheiro: mobilidades transnacionais envolvendo o Brasil. Campinas: UNICAMP/PAGU.
PISCTELLI, Adriana (2010). “Gringas ricas”: viagens sexuais de mulheres europeias no Nordeste do Brasil. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 53, n. 1, p. 79-115. https://doi.org/10.1590/S0034-77012010000100003
SADIN, Éric (2016). Silicolonisation du monde: l’irrésistible expansion du libéralisme numérique. Le Kremlin-Bicêtre: L’échappée.
SCHRADIE, Jen (2017). Ideologia do Vale do Silício e desigualdade de classe: um imposto virtual em relação à política digital. Parágrafo, São Paulo v. 5, n. 1, p. 85-99. https://revistaseletronicas.fiamfaam.br/index.php/recicofi/article/view/564 (acesso em 18/04/2023).
SCULL, Maren (2020). “It’s its own thing”: a typology of interpersonal sugar relationships scripts. Sociological Perspectives, v. 63, n. 1, p. 135-58. https://doi.org/10.1177/0731121419875115
SCULL, Maren (2022). Sugaring as a deviant career: modes of entering sugar relationships and social stigmas. Deviant Behavior, v. 43, n. 12, p. 1-23. https://doi.org/10.1080/01639625.2022.2061391
SEGATA, Jean; RIFIOTIS, Theophilos (2021). Digitalização e dataficação da vida. CIVITAS: revista de Ciências Sociais, v. 21, n. 2, p. 186-92. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.2.40987
SILVA, Caroline Rodrigues (2020). As sugar babies e os relacionamentos afetivos monetários: a (res) significação da atividade do sexo a partir do mundo sugar. Dissertação (mestrado). Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo.
UPADHYAY, Srushti (2021). Sugaring: understanding the world of sugar daddies and sugar babies. The Journal of Sex Research, v. 58, n. 6, p. 775-84. https://doi.org/10.1080/00224499.2020.1867700
WEBER, Max (1982). “Rejeições religiosas do mundo e suas direções”. In: GERTH, Hans.; MILLS, Charles Wright (orgs.). Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Guanabara, p. 371-410.
ZELIZER, Viviana (2005). The purchase of intimacy. Princeton: Princeton University Press.
ZELIZER, Viviana (2009). Dinheiro, poder e sexo. Cadernos Pagu, [S. l.], n. 32, p. 135–57. https://www.scielo.br/j/cpa/a/vxhJpXpdCxhYZYKGn8yRnLS/?format=pdf&lang=pt (acesso em 18/04/2023).
ZUBOFF, Shoshana (2019). The age of suveillance capitalism: the fight for a human future at the new frontier of power. New York: PublicAffairs.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Política de direitos compartilhados
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-CompartirIgual 4.0.
Ao submeter seu trabalho à Plural, o autor concorda que: o envio de originais à revista implica autorização para publicação e divulgação, ficando acordado que não serão pagos direitos autorais de nenhuma espécie. Uma vez publicados os textos, a Plural se reserva todos os direitos autorais, inclusive os de tradução, permitindo sua posterior reprodução como transcrição e com devida citação de fonte. O conteúdo do periódico será disponibilizado com licença livre, Creative Commons - Atribuição NãoComercial- CompartilhaIgual –, o que quer dizer que os artigos podem ser adaptados, copiados e distribuídos, desde que o autor seja citado, que não se faça uso comercial da obra em questão e que sejam distribuídos sob a mesma licença (ver: http://www.creativecommons.org.br/).Datos de los fondos
-
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
Números de la subvención 2021/14306-0