Dinâmicas evolutivas moldam dois mecanismos de defesa passivos em radiações de serpentes neotropicais

Resumo

Neste estudo, mapeamos a distribuição de dois mecanismos defensivos (embolar e esconder a cabeça) em serpentes neotropicais, visando observar sua distribuição em relação a diferentes grupos filogenéticos. O comportamento de embolar foi observado em 58 das 167 espécies analisadas, estando presente em sete famílias. Esconder a cabeça foi observado em 100 espécies distribuídas em nove famílias. O predomínio do comportamento de embolar em grupos basais de serpentes, como Anomalepididae, Boidae, Leptotyphlopidae, Tropidophiidae e Typhlopidae, e sua pouca incidência em espécies pertencentes a famílias mais recentes, como Elapidae e Viperidae, nos levam a sugerir que esse comportamento originou-se em grupos basais, persistindo em grupos derivados. O comportamento de embolar não foi observado em associação com outras estratégias defensivas, enquanto que esconder a cabeça ocorreu em combinação com elevação de cauda, vibração de cauda e achatamento do corpo. Desse modo, esconder a cabeça apresenta-se como putativamente mais flexível do que embolar, uma vez que permitiria a exibição escalonada de outros comportamentos defensivos.