“Esta é a malícia da obra”: uma leitura de arquivo em A rainha dos cárceres da Grécia, de Osman Lins
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i53p36-55Palavras-chave:
Osman Lins, Cartas, Arquivo literário, A Rainha dos Cárceres da GréciaResumo
O presente ensaio explora o processo criativo de Osman Lins (1924–1978), destacando como sua correspondência pessoal e seus manuscritos oferecem uma visão profunda do trabalho e das tensões entre a vida prática e a criação literária que se deixam rastrear em seu último romance, A rainha dos cárceres da Grécia, de 1976. O trabalho adota uma abordagem metodológica baseada na leitura minuciosa e na análise genética da correspondência e dos manuscritos de Lins. A pesquisa se desenvolve por meio de um protocolo de investigação, que envolve a leitura e interpretação das camadas textuais e dos paratextos, como notas e citações, buscando reconstruir o percurso criativo do autor e revelar as influências e dilemas enfrentados ao longo do processo de escrita do romance em questão. Uma das hipóteses de pesquisa levantada no ensaio é a de que A Rainha dos Cárceres da Grécia pode ser entendida como uma paródia dos discursos teóricos e críticos da época, especialmente em relação ao estruturalismo, que predominava no contexto acadêmico brasileiro das décadas de 1960 e 1970.
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