A rasura não visível capturada em processo de escrita colaborativa na sala de aula
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i44p92-103Palavras-chave:
Rasura, Escrita colaborativa, Processo de escrita, Escreventes novatosResumo
Através de uma análise microgenética, amparada pela Genética Textual e propiciada pelo Sistema Ramos e com suportes teóricos vindos da Linguística da Enunciação e da Psicologia cognitiva, este trabalho tem por objetivo estudar rasuras não visíveis que, realizadas em momentos de revisão que ocorreram tanto durante a produção textual, quanto após o texto já concluído, apontam para a grande complexidade de um processo de escritura, muito para além do que pode ser visto a olho nu. O corpusanalisado foi produzido colaborativamente por uma díade de alunas recém alfabetizadas do 1º ano do ensino fundamental, ambas com quase 7 anos de idade. Os resultados mostraram que 1/3 das rasuras produzidas foi de rasuras não visíveis. Elas embaralham as funções de substituição e adição, de modo que propomos interpretar essas rasuras como sendo rasuras não visíveis cuja função é a de transformação. Essa rasura não apaga, por um traçado, nenhum elemento anterior e, na sua continuidade ou contiguidade adiciona uma letra, um traço, um sinal, para transmutá-lo, corrigí-lo.
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