A figura incógnita em Crônica da casa assassinada e suas representações nos manuscritos ficcionais "Diários de André” e “Diários de Betty”
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i35p165-181Palavras-chave:
manuscrito ficcional, crítica genética, Crônica da casa assassinada, Lúcio Cardoso, processos de criaçãoResumo
Este trabalho se propõe a investigar o processo de criação de uma figura incógnita presente no romance Crônica da casa assassinada, publicado em 1959 pelo escritor mineiro Lúcio Cardoso. No plano ficcional de estruturação da obra, esta figura é responsável por resgatar e coletar diversos manuscritos deixados por dez narradores-personagens, rearranjando-os de forma a orquestrar as vozes narrativas que compõem o romance. Estas narrativas, espécie de “manuscritos ficcionais” – expressão empregada por Júlio Castañon Guimarães, que realizou o estabelecimento do texto para a edição crítica do romance – são compostas por cartas, diários, depoimentos, memória e narrativas. Anônima e sem voz, a figura incógnita deixa dois tipos de marcas nos manuscritos ficcionais: a supressão de partes, indicadas por pontilhados, e as notações que apontam para as condições materiais da obra (indicados como “escritos à margem...”). A partir do cotejo do texto estabelecido com as variantes do romance, este artigo objetiva discutir as representações desta figura incógnita nos diários de Betty e de André, nos quais se encontram notações que apontam para a materialidade dos manuscritos ficcionais e os efeitos de sentido que os escritos à margem suscitam no leitor e na estrutura do romance.Downloads
Referências
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