Chamada para publicação na edição 44
Uma das preocupações recorrentes ao longo das transformações tecnológicas, especialmente aquelas marcadas pelo desenvolvimento da computação e dos meios digitais, diz respeito a como pensar a criatividade e a noção de arquivo em um cenário cada vez mais centrado no tecnológico. Ao mesmo tempo em que o tecnocentrismo provoca dúvidas acerca da autoria, automação e controle do ato de criação, ele também revela um crescente curso de experimentação, marcado pela apropriação de práticas, materialidades e arquivos.
A consideração do trânsito entre o analógico e o digital e do paradigma computacional como procedimento de criação, interação e "remediação" vem a adicionar camadas à complexidade dos processos que, por sua vez, desafiam os estudos da crítica genética.
A edição 44 da Manuscrítica procura por propostas de artigos que explorem as implicações e potencialidades do processual como ferramenta analítica no contexto de trânsito entre digital e analógico. Também interessa a este número especial a busca por perspectivas sobre a criação como um fenômeno cultural, social e tecnológico, bem como propostas que tratem a produção artística e comunicacional nas novas mídias sob a perspectiva crítica e processual.
As temáticas de interesse incluem os seguintes tópicos, embora a eles não se limitem:
- Efervescência de arquivos de natureza auto-referencial, efêmera e imaterial;
- Os novos espaços de memória e de construção ensaística: a ubiquidade dos registros digitais on-line: redes sociais, plataformas, blogs e games como suportes da criação;
- Arquivos digitais e práticas analógicas: como o armazenamento digital de imagens incide sobre o criar;
- Problematização da ideia de sujeito distribuído e/ou remoto;
- Potencialidades da co-autoria e simbiose tecnológica na criação;
- Desafios da documentação e representação de trabalhos, obras e exposições de natureza híbrida e computacional;
- "Arte telemática", poéticas e interações;
- Obras e/ou exposições individuais, coletivas em sistemas digitais e online;
- Modos de presença: projetos institucionais de exposições, espetáculos e curadorias criados para sistemas on-line;
- Datasets como material de criação: potencialidades;
- Unarchive web-pages: como lidar com rastros dos processos;
- Erro, acaso e interferências: glitch art e/ou arte fractal;
- Cibernética e feminismo: o processual como multiplicador de perspectivas;
- Visão computacional e imagens operacionais;
- Inteligência artificial, algoritmos, machine learning e criatividade.
Enviar uma submissão: www.revistas.usp.br/manuscritica/submissions
Equipe editorial:
Wagner Miranda Dias (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
Paula Martinelli (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
Camila Mangueira Soares (Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto)