Entre O “Centro e o Cosmo”: Um ensaio interpretativo sobre a dimensão espacial do sagrado por meio da música candomblecista
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2020.165988Palavras-chave:
Música, Espaço Sagrado, Cosmogonia, CandombléResumo
A música é um dos elementos essenciais nos cultos de Candomblé. Junto à dança colabora com a identificação de cada orixá e seus ritos. É uma forma de expressão que divulga e mantém viva a história de algumas tradições orais africanas colaborando na formação identitária e na percepção do caráter sagrado dos lugares de celebração. A memória é o elo entre dois lugares em tempos diferentes: o Orúm e Ayê que espacializam a cosmogonia do Candomblé. Compreendendo a religião como um sistema cultural – o qual caracteriza-se por modalidades diferenciadas de cultos e celebrações – este, tem na música um dos elementos de elaboração de vínculos entre o humano e o sagrado que mobiliza maneiras de ser e existir no espaço imediato celebrativo. Com isso, à luz da teoria do espaço sagrado de Zeny Rosendahl e de música e sagrado de Lily Kong, discorremos, neste ensaio, um exercício de compreensão da maneira pela qual a música é um elemento essencial que colabora com a produção do espaço simbólico dos terreiros de Candomblé.
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