Adolescentes "filhos da migração" e o Estado
apontamentos envolvendo psicanálise e educação no contexto francês
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v25i1p48-62Palavras-chave:
Transcultural, Migração, Educação, Adolescência, PsicanáliseResumo
Circunscrevo nesse trabalho algumas das características e impasses vividos por adolescentes oriundos de famílias migrantes na França. Esses jovens são frequentemente colocados num espaço social fronteiriço, notadamente na sua experiência na Educação Nacional, essa se constituindo como uma série de dispositivos de transmissão tanto de conteúdos escolares quanto de modos de vida e de cultura que são ligados a uma certa ideia republicana de sociedade ocidental. Pensamos aqui a educação como uma cultura à parte, que oferece modos de ser, agir, pensar, sentir, além de toda uma miríade de representações e conteúdos de valor antropológico. Isso, por vezes, se choca com outras valências culturais, linguísticas e identitárias vividas e trazidas por esses adolescentes que costumam viver uma espécie de cisão entre mundos e espaços subjetivos tão diferentes entre aqueles de casa e do campo social (via educação). Tais questões são aqui tratadas por meio de nossa experiência como profissional de saúde mental na França, trazendo dois casos que foram acompanhados e que retratam os dramas do adolescer em situação transcultural.
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