Diálogos entre a teoria e a prática investigativa: comentários sobre a obra de Antonil, uma operação historiográfica
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v12i1p227-243Palavras-chave:
André João Antonil, Brasil Colônia, Cultura e Opulência, Operação HistoriográficaResumo
O presente trabalho tem como objetivo desenvolver reflexões acerca de uma operação historiográfica do livro “Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas”, escrito pelo jesuíta André João Antonil (1711). Dessa forma, buscaremos construir uma atividade prática de análise de uma fonte, a partir do estudo de um fragmento da referida obra, que consiste no recorte do primeiro ao nono capítulo do livro I. Assim, à luz dos referenciais teórico-metodológicos do historiador francês Michel de Certeau, destrinchamos o lugar social do autor, o contexto de produção da obra e fizemos uma análise dos discursos contidos no referido recorte. À vista disso, percebemos que o discurso histórico de Antonil é revestido por uma simbiose entre os seus interesses econômicos e religiosos, sendo o nosso recorte uma espécie de guia que orienta como o senhor de engenho deve gerir a sua propriedade e as suas relações com seus trabalhadores – escravizados e livres – para a obtenção de uma maior produtividade em consonância com preceitos do catolicismo do período da colonização do território da América portuguesa. Compreendemos, portanto, que tal operação se configura como uma atividade crucial não apenas para dimensionarmos a relevância dessa fonte para o entendimento de diversos aspectos socioeconômicos que tangenciam parte da história colonial do Brasil, mas também para pensarmos sobre como o estudo desse passado nos ajuda a entender as violências e as desigualdades sociais do Brasil do tempo presente.
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