Emergência do grupo escolar e produção, pela diferenciação, das escolas isoladas no Espírito Santo (1908-1916)
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202450274381porResumo
Este artigo problematiza o percurso das escolas isoladas capixabas, considerando suas relações de oposição e concorrência perante a Escola Modelo, bem como a projeção e as condições de efetivo funcionamento do Grupo Escolar Gomes Cardim – o primeiro e durante um bom tempo único GE do Espírito Santo. O recorte temporal estabelecido, de 1908 a 1916, compreende o período decorrido desde a decretação da inconveniência das escolas isoladas em Vitória, capital do Espírito Santo, até a criação de uma instituição destinada à modelização da praticagem de professores para atuarem nessas mesmas escolas. O corpus documental trabalhado compreendeu: ofícios, requerimentos, relatórios, decretos, leis, atos oficiais da Secretaria de Instrução, fotografias
e matérias jornalísticas. Por meio da análise indiciária dessas fontes, o texto focaliza espaços escolares, professorado e organização do ensino em escolas isoladas capixabas. Em linhas gerais, compreende-se que a avaliação negativa geralmente atribuída às escolas isoladas convivia com ambiguidades forçadas, por um lado, pela fragilidade do grupo escolar instituído localmente e, por outro – apesar da inconveniência decretada em 1908 –, pela atuação imprescindível de escolas isoladas, até o ponto da sua modelização em 1916. No caso do Espírito Santo, ao arrepio de binarismos construídos discursivamente acerca dos modos de escolarização no início do século passado, compreende-se a relação entre o grupo escolar e as escolas isoladas como um conflito permeado por desafios e empréstimos recíprocos, considerando-se que os marcadores da diferenciação estabelecida entre os dois dizem respeito, principalmente, às prescrições legais, ao status e à visibilidade conferida a cada instituição.
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