Tropeçar no morto — Mário de Sá-Carneiro visto por Eduardo Lourenço
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v16i31p94-109Palabras clave:
Eduardo Lourenço, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Suicídio e Modernidade, Pós-simbolismo e ModernismoResumen
Este ensaio revisita os elementos centrais do pensamento de Eduardo Lourenço acerca do poeta de Indícios de Oiro; para tal, detém-se em dois ensaios de Lourenço, nomeadamente “Suicidária Modernidade” (1990) e “A Poesia de Orpheu” (2015). Se em “Suicidária Modernidade” Lourenço reflete sobre como o suicídio de Sá-Carneiro veio a inscrever-se na Modernidade literária portuguesa, em “A Poesia de Orpheu” ele revisita a ideia de Sá-Carneiro moderno por via duma figuração clownesca. Lourenço apresenta o poeta como devedor de uma personalidade romântica que parte duma linguagem de conotações simbolistas, e como alguém que dramatiza uma falha entre o desejo de atingir um excessivo além difusamente compreendido e uma vida real em que esse desejo não se materializa. Nessa análise, Lourenço assinala a relevância dos últimos poemas de Sá-Carneiro na subversão de alguns papéis para si imaginados, papéis que vão do Rei ao Bobo. Contudo, como aqui se demonstra, Lourenço valoriza pouco alguns aspetos mais inovadores da linguagem mais poética de Sá-Carneiro, nomeadamente o seu investimento na representação de vários elementos da sociedade moderna como metáforas do eu, não reconhecendo, assim, a forma como esta linguagem, muito diretamente, ajudou o próprio Fernando Pessoa a ser mais moderno.Descargas
Referencias
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