A conquista do amor-próprio: uma análise em fragmento de um discurso amoroso, o de Niketsche: uma história da poligamia, Paulina Chiziane
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i33p64-85Palavras-chave:
Roland Barthes, Figura de linguagem , Linguística da Enunciação, Paulina Chiziane, Discurso amorosoResumo
Barthes é um crítico literário que soube empreender uma perspectiva teórica singular sobre a obra literária de seu tempo, contribuindo para ampliar as teorias linguísticas contemporâneas, notadamente a Linguística da Enunciação de Émile Benveniste (Perrone-Moisés, 2012). Nossa hipótese é de que Barthes apresenta uma visão própria da figura de linguagem – expressa explicitamente nos Seminaires (2007) – que impõe à Linguística da Enunciação uma reconceitualização de alguns de seus termos, especialmente enunciação e discurso. Este trabalho apresenta um duplo e entrelaçado objetivo: primeiro, compreender o funcionamento da figura de linguagem na obra de Roland Barthes, em especial em seu Fragmentos de um Discurso Amoroso (1994); segundo, realizar uma leitura figurativa da obra Niketsche: uma história da poligamia, de Paulina Chiziane. Apresentamos uma leitura por figuras-fragmento, subdividida em três constelações, que chamamos de figuras-estrela e figuras-satélite e observamos as relações intertextuais entre essas constelações. Constatamos que a figura-satélite ‘Niketsche da vida’ apresenta grande influência na construção narrativa. Diferentemente do que diz Perrone-Moisés (2012), concluímos que o discurso amoroso que se depreende da narrativa pode ser também um discurso de poder: o de emancipação da mulher diante de uma sociedade poligâmica.
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