Manuscrito cuervo, o humor na absurda tragédia da guerra

Autores

  • Amanda Berchez Universidade Estadual de Campinas
  • Katia Aparecida da Silva Oliveira Universidade Federal de Alfenas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-9651.i28p278-309

Palavras-chave:

Max Aub, Manuscrito cuervo, cômico, Guerra Civil Espanhola, franquismo

Resumo

Este estudo parte da hipótese de que o humor foi o mecanismo que Max Aub conseguiu eleger para, em Manuscrito cuervo, narrar os traumas contraídos em ocasiões várias, abordar o peso que carregou consigo das tragédias vivenciadas. Entre elas, a Guerra Civil Espanhola, em que ele foi classificado como “comunista perigoso” e, por isso, encaminhado para o campo de concentração de Le Vernet. Isso nos ajuda a entender a condição “entre-terras” do autor (que nasceu parisiense, se afiliou espanhol, regressou à França enquanto prisioneiro de guerra e, por fim, se refugiou no México), que mais pareceu ter sido prismada como impossibilidade de pertencimento e de situar sua individualidade. Foi donde reclamou um corvo para registrar experiências, em especial, da guerra, mas também adentrando problemáticas relacionadas, como exílio e identidade. Depreendemos que, pelo cômico, Aub violou a potência e a impenetrabilidade dos horrores que conheceu pelas mãos de outros “humanos”, embora nunca tenha disso se desvencilhado. Uma vez testemunha, sempre testemunha.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Katia Aparecida da Silva Oliveira, Universidade Federal de Alfenas

    É professora, pesquisadora e tradutora, é doutora em Letras (Unesp, 2016) e mestre em Literatura Espanhola (USP, 2008). É professora de Literaturas da Espanha na Unifal-MG desde 2010. Desenvolve pesquisas sobre literatura de autoria feminina, tradução, e literatura, história e memória.

Referências

Achugar, Hugo. Leones, cazadores e historiadores, a propósito de las políticas de la memoria y del conocimiento. Revista Iberoamericana, v. 63, n. 180, pp. 379-387, 1997.

Agamben, Giorgio. O que resta de Auchwitz. Boitempo Editorial, 2008.

Anzaldúa, Gloria; Moraga, Cherríe. This bridge called my back. Persephone, 1983.

Aub, Max. Diarios (1939–1972). Alba Editorial, 1998.

Aub, Max. Manuscrito cuervo. Segorbe, Fundación Max Aub, 1999.

Bakhtin, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. Forense universitária, 2015.

Blanchot, Maurice; Derrida, Jacques. The instant of my death. Stanford University Press, 2000.

Bowie, José A. P. Max Aub: veinticinco años después. Editorial Complutense, 1999.

Castro-Gómez, Santiago. La hybris del punto cero: ciencia, raza e ilustración en la Nueva Granada (1750-1816). Edtitorial Pontificia Universidad Javeriana, 2010.

De Marco, Valeria. Historia de Jacobo: la imposibilidad de narrar. In: Actas del congreso internacional Max Aub y el Laberinto Español, pp. 559-567, 1996.

Degiovanni, Fernando. El amanuense de los campos de concentración. Cuadernos Americanos, 77, pp. 206-221, 1999.

Dickey, Eric. The concentration camp as a site of memory in the narrative of Max Aub. University of Minnesota, 2009.

Fanon, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. EDUFBA, 2008.

Galeano, Eduardo. El libro de los abrazos. Ediciones del Chanchito, 1999.

Greco, Barbara. Per un primo approccio all’antifavolistica moderna di Max Aub. In: Intrecci romanzi. Nuova Trauben, 2016.

Kundera, Milan. Os testamentos traídos. Nova Fronteira, 1994.

Levi, Primo. Os afogados e os sobreviventes. Paz e Terra, 2004.

Londero, Eleanor. La mímesis incierta del cuervo escritor. Ínsula, 679, pp. 14-17, 2003.

Oliveira, Katia Ap. S. Representando o irrepresentável: o testemunho da guerra no Manuscrito cuervo de Max Aub. Literatura, História e Memória, v. 7, n. 10, pp. 65-82, 2011.

Orwell, George. Why I write. Penguin Books, 2005.

Paz, Octavio. Os filhos do barro. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

Seligmann-Silva, Márcio. Narrar o trauma. Pisc. Clin., v. 15, n. 2, pp. 65-82, 2008.

Semprún, Jorge. La escritura o la vida. Artifex, 2012.

Downloads

Publicado

2024-12-06

Como Citar

BERCHEZ, Amanda; OLIVEIRA, Katia Aparecida da Silva. Manuscrito cuervo, o humor na absurda tragédia da guerra. Caracol, São Paulo, Brasil, n. 28, p. 278–309, 2024. DOI: 10.11606/issn.2317-9651.i28p278-309. Disponível em: https://journals.usp.br/caracol/article/view/220976.. Acesso em: 16 dez. 2024.