Lesões oculares em um felino doméstico:

um olhar atento ao patógeno fúngico Sporothrix brasiliensis

Autores

  • Gabriele Barros Mothé Universidade Federal Fluminense, Instituto Biomédico, Centro de Investigação de Microrganismos
  • Nathália Faria Reis Universidade Federal Fluminense, Instituto Biomédico, Centro de Investigação de Microrganismos
  • Carla Stefany Isla Melivilu Universidad de Las Américas, Facultad de Medicina Veterinaria y Agronomía
  • Aguinaldo Francisco Mendes Junior Universidade Santa Úrsula https://orcid.org/0000-0002-2780-9294
  • Cinthia Silva dos Santos Prefeitura Municipal de Niterói, Fundação Municipal de Saúde, Centro de Controle de Zoonoses
  • Ana Maria Dieckmann Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Medicina Veterinária
  • Ricardo Luiz Dantas Machado Universidade Federal Fluminense, Instituto Biomédico, Centro de Investigação de Microrganismos
  • Elisabeth Martins da Silva da Rocha Universidade Federal Fluminense, Instituto Biomédico, Centro de Investigação de Microrganismos
  • Andrea Regina de Souza Baptista Universidade Federal Fluminense, Instituto Biomédico, Centro de Investigação de Microrganismos https://orcid.org/0000-0002-0461-7521

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1678-4456.bjvras.2021.183219

Palavras-chave:

Zoonosis, Granuloma, Micose, Saúde Pública, Esporotricose

Resumo

A esporotricose é uma dermatozoonose causada por fungos patogênicos dimórficos do gênero Sporothrix. Embora o Sporothrix brasiliensis seja a espécie mais patogênica e prevalente na hiperendemia brasileira de esporotricose, segundo nosso conhecimento este é o primeiro relato de um gato com lesões oculares causadas por esta espécie, via diagnóstico molecular. Um felino doméstico com três meses de idade apresentou manifestação ocular com granuloma em conjuntiva palpebral inferior esquerda, além de lesões mucocutâneas em diferentes áreas do corpo. Amostras foram coletadas para posterior citopatologia, cultura de fungos, sorologia e genotipagem molecular. O itraconazol foi prescrito para o tratamento da esporotricose e o animal foi considerado clinicamente curado ao final de cinco meses de tratamento, recebendo alta. As interações do S. brasiliensis com o gato podem se manifestar com uma infinidade de formas clínicas que se assemelham a doenças infecciosas ou não. A necessidade de avaliação física meticulosa desses animais por um médico veterinário, seguida do diagnóstico laboratorial preciso, são medidas essenciais em saúde pública na área hiperendêmica para a esporotricose no Brasil.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Andrea Regina de Souza Baptista, Universidade Federal Fluminense, Instituto Biomédico, Centro de Investigação de Microrganismos

    Andréa Regina Baptista Rossit corresponde ao nome anteriormente utilizado. Graduada em Ciencias Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1992), Mestre em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995) e Doutora em Genética pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2001). Professora e orientadora junto aos Programas de Pós-graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas e Medicina Veterinária - Clínica e Reprodução Animal da Universidade Federal Fluminense.Tem experiência na área de Biologia Molecular, com ênfase em Genética Molecular e de Microorganismos, atuando principalmente nos seguintes temas: agentes microbianos e sua interação com o hospedeiro humano e animal, epidemiologia molecular de agentes infecciosos e parasitários e diagnóstico molecular.

Referências

Arinelli A, Aleixo AL, Freitas DF, do Valle ACF, Almeida-Paes R, Gutierrez-Galhardo MC, Curi ALL. Ocular Sporotrichosis: 26 cases with bulbar involvement in a hyperendemic area of zoonotic transmission. Ocul Immunol Inflamm. 2020;28(5):764-71. http://dx.doi.org/10.1080/09273948.2019.1624779. PMid:31411512.

Baptista VS, Mothé GB, Santos GMP, Melivilu CSI, Santos TO, Virginio ED, de Macêdo-Sales PA, Pinto MR, Machado RLD, Rocha EMS, Lopes-Bezerra LM, Baptista ARS. Promising application of the SsCBF ELISA test to monitor the therapeutic response of feline sporotrichosis caused by Sporothrix brasiliensis from Brazilian epidemics. Braz J Microbiol. 2021;52(1):145-53. PMid:32812211.

Bernardes-Engemann AR, de Lima Barros M, Zeitune T, Russi DC, Orofino-Costa R, Lopes-Bezerra LM. Validation of a serodiagnostic test for sporotrichosis: a follow-up study of patients related to the Rio de Janeiro zoonotic outbreak. Med Mycol. 2015;53(1):28-33. http://dx.doi.org/10.1093/mmy/myu058. PMid:25477075.

Della-Terra PP, Rodrigues AM, Fernandes GF, Nishikaku AS, Burger E, De Camargo ZP. Exploring virulence and immunogenicity in the emerging pathogen Sporothrix brasiliensis. PLoS Negl Trop Dis. 2017;11(8):e0005903. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pntd.0005903. PMid:28854184.

Etchecopaz A, Scarpa M, Mas J, Cuestas M. Sporothrix brasiliensis: a growing hazard in the Northern area of Buenos Aires Province. Rev Argent Microbiol. 2020;52(4):350-1. http://dx.doi.org/10.1016/j.ram.2020.02.002. PMid:32192862.

Gremião ID, Miranda LHM, Reis EG, Rodrigues AM, Pereira SA. Zoonotic epidemic of sporotrichosis: cat to human transmission. PLoS Pathog. 2017;13(1):e1006077. http://dx.doi.org/10.1371/journal.ppat.1006077. PMid:28103311.

Gremião ID, Oliveira MME, Monteiro de Miranda LH, Saraiva Freitas DF, Pereira SA. Geographic Expansion of Sporotrichosis, Brazil. Emerg Infect Dis. 2020;26(3):621-4. https://doi.org/10.3201/eid2603.190803. PMID: 32091376.

Gremião IDF, Martins da Silva da Rocha E, Montenegro H, Carneiro AJB, Xavier MO, de Farias MR, Monti F, Mansho W, de Macedo Assunção Pereira RH, Pereira SA, Lopes-Bezerra LM. Guideline for the management of feline sporotrichosis caused by Sporothrix brasiliensis and literature revision. Braz J Microbiol. 2021;52(1):107-24. http://dx.doi.org/10.1007/s42770-02000365-3. PMid:32990922.

La Croix NC. Ocular manifestations of systemic disease in cats. Clin Tech Small Anim Pract. 2005;20(2):121-8. http://dx.doi.org/10.1053/j.ctsap.2004.12.017. PMid:15948427.

Lacerda AM Fo, Cavalcante CM, Da Silva AB, Inácio CP, de Lima-Neto RG, de Andrade MCL, Magalhães OMC, Dos Santos FAG, Neves RP. High-virulence cat-transmitted ocular Sporotrichosis. Mycopathologia. 2019;184(4):547-9. http://dx.doi.org/10.1007/s11046-019-00347-6. PMid:31230198.

Macêdo-Sales PA, Souto SRLS, Destefani CA, Lucena RP, Rocha SEM, Baptista ARS. Diagnóstico laboratorial da esporotricose felina em amostras coletadas no estado do Rio de Janeiro, Brasil: limitações da citopatologia por imprint. Rev Pan-Amazônica Saúde. 2018a;9(2). http://dx.doi.org/10.5123/S2176-62232018000200002.

Macêdo-Sales PA, Souto SRLS, Destefani CA, Lucena RP, Machado RLD, Pinto MR, Rodrigues AM, Lopes-Bezerra LM, Rocha EMS, Baptista ARS. Domestic feline contribution in the transmission of Sporothrix in Rio de Janeiro State, Brazil: a comparison between infected and non-infected populations. BMC Vet Res. 2018b;14(1):19. http://dx.doi.org/10.1186/s12917-018-1340-4. PMid:29347940.

Macêdo-Sales PA, Souza LOP, Della-Terra PP, Lozoya-Pérez NE, Machado RLD, Rocha EMDSD, Lopes-Bezerra LM, Guimarães AJ, Rodrigues AM, Mora-Montes HM, Santos ALSD, Baptista ARS. Coinfection of domestic felines by distinct Sporothrix brasiliensis in the Brazilian sporotrichosis hyperendemic area. Fungal Genet Biol. 2020;140:103397. http://dx.doi.org/10.1016/j.fgb.2020.103397. PMid:32325170.

Orofino-Costa R, Macedo PM, Rodrigues AM, Bernardes Engemann AR. Sporotrichosis: an update on epidemiology, etiopathogenesis, laboratory and clinical therapeutics. An Bras Dermatol. 2017;92(5):606-20. http://dx.doi.org/10.1590/abd1806-4841.2017279. PMid:29166494.

Pereira SA, Gremião IDF, Kitada AAB, Boechat JS, Viana PG, Schubach TMP. The epidemiological scenario of feline sporotrichosis in Rio de Janeiro, State of Rio de Janeiro, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2014;47(3):392-3. http://dx.doi.org/10.1590/0037-8682-0092-2013. PMid:25075494.

Pereira SA, Gremião IDF, Menezes RC. Sporotrichosis in animals: zoonotic transmission. In: Carlos IZ, editor. Sporotrichosis. New developments and future prospects. USA: Springer; 2015, pp. 83-102.

Ribeiro ASA, Bisol T, Menezes MS. Síndrome oculoglandular de Parinaud causada por esporotricose. Rev Bras Oftalmol. 2010;69(5):317-22. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-72802010000500008.

Ribeiro CR, Silva BP, Almeida Costa AA, Basile A No, Vieira LA, Lima MA, Lima MHC. Ocular Sporotrichosis. Am J Ophthalmol Case Rep. 2020;19:100865. http://dx.doi.org/10.1016/j.ajoc.2020.100865. PMid:32885097.

Rodrigues AM, de Hoog GS, de Camargo ZP. Molecular diagnosis of pathogenic Sporothrix species. PLoS Negl Trop Dis. 2015;9(12):e0004190. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pntd.0004190. PMid:26623643.

Rodrigues AM, Della Terra PP, Gremião ID, Pereira SA, Orofino-Costa R, de Camargo ZP. The threat of emerging and re-emerging pathogenic Sporothrix species. Mycopathologia. 2020;185(5):813-42. http://dx.doi.org/10.1007/s11046-020-00425-0. PMid:32052359.

Schubach TM, Schubach A, Okamoto T, Barros MB, Figueiredo FB, Cuzzi T, Fialho-Monteiro PC, Reis RS, Perez MA, Wanke B. Evaluation of an epidemic of sporotrichosis in cats: 347 cases (1998-2001). J Am Vet Med Assoc. 2004;224(10):1623-9. http://dx.doi.org/10.2460/javma.2004.224.1623. PMid:15154732.

Schubach TM, Schubach A, Okamoto T, Pellon IV, Fialho Monteiro PC, Reis RS, Barros MB, Andrade-Perez M, Wanke B. Haematogenous spread of Sporothrix schenckii in cats with naturally acquired sporotrichosis. J Small Anim Pract. 2003;44(9):395-8. http://dx.doi.org/10.1111/j.1748-5827.2003.tb00174.x. PMid:14510328.

Silva DT, Pereira SA, Gremião IDF, Chaves AR, Cavalcanti MCH, Silva JN, Schubach TMP. Esporotricose conjuntival felina. Acta Sci Vet. 2008;36(2):181-4. http://dx.doi.org/10.22456/1679-9216.17283.

Spinelli TP, Bezerra LM, Souza BOF, Rocha A, Neto JE, Sá FB. Primary conjunctival sporotrichosis in three cats from Northeastern Brazil: case report. Vet Ophthalmol. 2021;24(2):209-15. http://dx.doi.org/10.1111/vop.12865. PMid:33608958.

Downloads

Publicado

2021-07-08

Edição

Seção

RELATO DE CASO

Como Citar

1.
Mothé GB, Reis NF, Melivilu CSI, Mendes Junior AF, Santos CS dos, Dieckmann AM, et al. Lesões oculares em um felino doméstico: : um olhar atento ao patógeno fúngico Sporothrix brasiliensis. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. [Internet]. 8º de julho de 2021 [citado 18º de maio de 2024];58:e183219. Disponível em: https://journals.usp.br/bjvras/article/view/183219