O público potencial do Museu da Vida Fiocruz: práticas culturais e hábitos de lazer na sua zona de influência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1982-02672025v33e8

Palavras-chave:

Estudos de público, Público potencial, Não visitantes, Museus de ciência, Divulgação científica

Resumo

Este estudo teve como objetivo conhecer o público potencial do Museu da Vida Fiocruz, suas práticas culturais, hábitos de lazer e interesse em ciência e tecnologia. A metodologia empregada foi quantitativa e consistiu na análise de questionários autoaplicados em uma amostra estratificada, previamente definida e recrutada aleatoriamente na sua zona de influência. Os resultados revelaram que o público potencial do Museu da Vida Fiocruz aqui definido como aquele que está na sua zona de influência, mas nunca o visitou, possui majoritariamente um nível de escolaridade até o ensino médio, renda familiar de até três salários-mínimos e um interesse moderado em temas de ciência e tecnologia. Apresenta um baixo consumo cultural, sendo que os museus e bibliotecas não são valorizados como opção de lazer. Seus hábitos envolvem, em geral, atividades de lazer casual que não implicam custos adicionais ao seu orçamento, como atividades desenvolvidas no ambiente doméstico. A renovação da imagem do museu – de uma instituição educativa, hierarquizada e elitista para a de uma instituição com ofertas diversificadas, capaz de atender aos principais valores associados à busca do lazer – pode auxiliar no processo de atração dessas pessoas. Isso, entretanto, precisa estar aliado a uma política eficaz de divulgação e de comunicação com os públicos: visitantes e não visitantes.

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Biografia do Autor

  • Vanessa Fernandes Guimarães, Fundação Oswaldo Cruz

    Doutora em Microbiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é professora do Programa de Mestrado em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz. É pesquisadora do Núcleo de Estudos de Público e Avaliação em Museus do Museu da Vida Fiocruz e do Observatório de Museus e Centros de Ciência e Tecnologia – OMCC&T. E-mail: vanessa.guimaraes@fiocruz.br.

  • José Sérgio Damico, Museu da Vida Fiocruz

    Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP-Fiocruz), pesquisador do Núcleo de Estudos de Público e Avaliação em Museus (Museu da Vida Fiocruz) e do OMCC&T. E-mail: sergiodamico27@gmail. com.

  • Diego Vaz Bevilaqua, Casa Oswaldo Cruz

    Vice-diretor de Patrimônio Cultural e Divulgação Científica da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz e Presidente do comitê brasileiro do Conselho Internacional de Museus (ICOM Brasil). Doutor em física pela UFRJ. É pesquisador e docente do Programa de Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz. E-mail: diego.bevilaqua@fiocruz.br.

  • Sonia Mano, Museu da Vida Fiocruz

    Doutora em Ciências pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz), docente da Especialização em Divulgação e Popularização da Ciência e do Mestrado em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC-Fiocruz), pesquisadora do Núcleo de Estudos de Público e Avaliação em Museus (Museu da Vida Fiocruz) e do OMCC&T. E-mail: sonia.mano@fiocruz.br.

  • Ana Carolina de Souza Gonzalez, Museu da Vida Fiocruz

    Doutora em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/ICICT/Fiocruz). Atualmente é Chefe do Museu da Vida Fiocruz. E-mail: ana.gonzalez@fiocruz.br.

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Publicado

2025-04-11

Edição

Seção

Museus

Dados de financiamento

Como Citar

GUIMARÃES, Vanessa Fernandes; DAMICO, José Sérgio; BEVILAQUA, Diego Vaz; MANO, Sonia; GONZALEZ, Ana Carolina de Souza. O público potencial do Museu da Vida Fiocruz: práticas culturais e hábitos de lazer na sua zona de influência. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 33, p. 1–26, 2025. DOI: 10.11606/1982-02672025v33e8. Disponível em: https://journals.usp.br/anaismp/article/view/226018.. Acesso em: 27 abr. 2025.