Reminiscências griots na configuração poético-musical do Nordeste brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2526-303X.i45pe217531

Palavras-chave:

griots, música nordestina, cantoria repentista, prática poético-musical

Resumo

Este trabalho consiste em um ensaio científico elaborado a partir de pesquisas bibliográficas. A questão norteadora deste estudo foi de identificar possíveis relações entre griots e cantadores repentistas do Nordeste do Brasil. A insuficiência de documentos e trabalhos no campo da literatura que discutem prováveis ligações entre os fenômenos demonstra as dificuldades de se traçar essa narrativa histórica, revelando inúmeros equívocos epistêmicos em sua abordagem, quase sempre ligados a comparatismos histórico-estruturais, numa tentativa de identificar semelhanças estéticas e performáticas entre as práticas. Devido a isso, este estudo pretende não apontar “hereditariedades históricas”, mas evidenciar pontos de similaridades entre os grupos, desvendando uma parcela no fluxo da formação performática do repente nordestino. A análise preliminar aponta para uma possível confluência cultural entre as manifestações, tanto pela questão estético-performático-estrutural, como pelas próprias funções sociais.

Downloads

Biografia do Autor

  • Rodolfo Rodrigues, Instituto Federal do Piauí

    é professor de Música no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí, campus Paulistana. Possui graduação em Música pela Universidade Federal do Cariri (2018) e mestrado em Música pela Universidade Federal da Paraíba (2022). Idealizador do projeto De Repente em Ação (2017-2019), projeto de ação acadêmica responsável pelo mapeamento dos Cantadores Repentistas na região metropolitana do Cariri cearense. Líder do grupo de pesquisa Estudos de transmissões musicais em diferentes contextos (ESTRAMUS). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em música, atuando principalmente nos seguintes temas: cantoria repentista, música da cultura popular e transmissão musical.

Referências

ALMEIDA, Átila Augusto F.; SOBRINHO, José Alves. Dicionário bio-bibliográfico de repentistas e poetas de bancada. João Pessoa: Editora Universitária, 1978.

ANNUNCIOS. Escravo Fugido. Jornal do Ceará, 18 marc. 1868.

AYALA, Maria Ignez Novais.; AYALA, Marcos. Cocos: Alegria e Devoção. 1. ed. Natal: EDUFRN, v. 1, 2000.

BARROSO, Maria Helenice. Os cordelistas no D.F.: dedilhando a viola, contando a história. 2006. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

BASTIDE, Roger. As religiões africanas no Brasil. Tradução de Maria Eloisa Capellato e Olívia Krähenbühl. São Paulo: Pioneira, Editora da Universidade de São Paulo, vol. 1, 1971[1960].

BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº 1786, de 06 de julho de 2011. Institui a Política Nacional Griô, para proteção e fomento à transmissão dos saberes e fazeres de tradição oral. Brasília: Câmara dos Deputados, 2011. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao/?idProposicao=511689. Acesso em: 10 set. 2024.

CÂNDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade. 9. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2006.

CASCUDO, Luiz Câmara. Vaqueiros e Cantadores. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1984.

CASTAGNA, Paulo. Fontes bibliográficas para a pesquisa da prática musical no Brasil nos séculos XVI e XVII. 1991. Dissertação (Mestrado na Escola de Comunicações e Artes da USP) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1991.

CHARRY, Eric. Griot. Grove Music Online. 20 jan 2001. Disponível em: https://doi.org/10.1093/gmo/9781561592630.article.42012. Acesso em: 15 jun. 2022.

DORSCH, Hauke. Diasporizando a Tradição: Griots e Estudiosos no Atlântico Negro. Contemporânea. v. 10, n. 3, p. 1125-1156, set–dez, 2020.

CRUZ, Eval. O papel ordenador da música nos rituais de religião de matriz africana. Revista Horizontes Históricos [online]. v. 1, n. 1, 2018.

EBRON, Paulla A. Performing Africa. Princeton, Princeton UP, 2002.

FILGUEIRA, Cícero Renan Nascimento. Os folcloristas e a construção do repentista como um dos símbolos de nordeste. Revista de Pesquisa Histórica – CLIO (Recife. Online), n. 36, Jan-Jun, 2018.

GILROY, Paul. Atlântico negro: Modernidade e dupla consciência. 2. ed. São Paulo: 34, 2012.

GOMES, Salatiel Ribeiro. Vaqueiros e cantadores: a desafricanizada cantoria sertaneja de Luis da Câmara Cascudo. Pade, Brasília, v. 2, n. 1, p. 47-70, jan./jun. 2008.

GOMES, Laurentino. Escravidão. Globo Livros, Vol. 1, 2019.

HALE, Thomas A. Griots and Griottes – Masters of Words and Music. Bloomington and Indianapolis, Indiana UP, 1998.

INSTITUTO TOMIE OHTAKE. Histórias afro-atlânticas: publicação educativa. São Paulo, 2018. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/390682961/hist. Acesso em: 10 jan. 2022.

LIMA, Gustavo Henrique Alves. Ao repique da marimba e do pandeiro: a voz e o verso de Luiz Gama e Inácio da Catingueira como "discursos fundadores" da poesia negra brasileira. 2022. Dissertação (Mestrado em Ciências e Letras) – Universidade Estadual Paulista – UNESP. 2022. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/217999/lima_gha_me_assis.pdf?seq uence=5&isAllowed=y. Acesso em: 23 jun. 2022.

MACIEL, Adriana Sucena. Estrangeiro de Alguém. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras) –Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc- rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=38815@1. Acesso em: 07 jan. 2022.

MAKL, Luis Ferreira. Artes musicais na diáspora africana: improvisação, chamada-e- resposta e tempo espiralar. Literatura e música, nº. 11, 2011.

MEDEIROS, Irani. Inácio da Catingueira: o pandeiro da liberdade (gênio do sertão). João Pessoa, PB: A União, 2021.

MOTA, Leonardo. Violeiros Do Norte: Poesia E Linguagem Do Sertão Nordestino. 7. ed. Abc Editora, 2002 [1925].

MOURA, Clóvis. O Preconceito de Cor na Literatura de Cordel. São Paulo: Resenha Universitária, 1976.

MOURA, Clóvis. Rebeliões da Senzala. 3. ed. São Paulo: Ciências Humanas, 1981.

NIANE, Djibril Tamsir. Sundiata: An Epic of Old Mali. Translated by G. D. Pickett. Revised ed. Harlow: Pearson Longman, 2006.

OLIVEIRA, Antônio Martins. O ilustre escravo Inácio da Catingueira e a sua peleja contra o império da escravidão no sertão da Paraíba. Cadernos Cajuína, v.5, n.3, setembro-2020.

PATRIOTA, Fernando. Inácio da Catingueira: analfabeto, escravo, poeta repentista. Saeculum jan./dez. 1999.

ROMÉRO, Sylvio. Estudos sobre a poesia popular do Brazil. Rio de Janeiro: Typ. Universal de Laemmert & C., vol 1. 1888.

SANTOS, Heráclito Júlio Carvalho; SILVA, Raimunda Celestina Mendes. Crioulização e afrodescendência na poesia de sosígenes costa, à luz da teoria de Edouard Glissant. In.: Afrodescendência na literatura: Brasil, América e África. EDUFPI, Teresina-PI, 2020.

SILVA, Maria Ivoneide. Cantoria de viola nordestina: Narrativas sobre a vida e a performance dos repentistas. 2006. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006.

SILVA, José Nogueira. As africanidades no repente: proposições epistemológicas. 2021. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2021.

SOBRINHO, José Alves. Cantadores, repentistas e poetas populares. Campina Grande: Bagagem, 2003.

VANSINA, Jan. A tradição oral e sua metodologia. In: História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. Editado por Joseph Ki -Zerbo. 2.ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010.

VELOSO, Marli Maria; SOUZA, Elio Ferreira. Poesia oral e identidade negra: a resistência nos versos de Domingos Fonseca. In.: Afrodescendência na literatura: Brasil, América e África. EDUFPI, Teresina-PI, 2020.

VILELA, Ivan. Vem viola, vem cantando. Estudos avançados. USP, 24 (69), p. 323-47, 2010.

Downloads

Publicado

2024-11-12

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

RODRIGUES, Rodolfo. Reminiscências griots na configuração poético-musical do Nordeste brasileiro. África, [S. l.], n. 45, p. e217531, 2024. DOI: 10.11606/issn.2526-303X.i45pe217531. Disponível em: https://journals.usp.br/africa/article/view/217531.. Acesso em: 15 abr. 2025.