Narrativas oficiais em Moçambique: entre manuais escolares e trajetórias desafiadoras
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2526-303X.i44pe205751Palavras-chave:
Moçambique, narrativas oficiais, biografias africanas, história políticaResumo
O artigo analisa as narrativas oficiais do governo moçambicano presentes em manuais escolares e busca refletir sobre o papel de algumas trajetórias de indivíduos que desafiam estas narrativas. Por um lado, são apresentados trechos dos manuais escolares como exemplos dos esforços do governo moçambicano da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) no sentido de controlar o passado e controlar as memórias. Por outro lado, são apresentados alguns aspectos das trajetórias de pessoas consideradas demasiadamente críticas ou traidoras do projeto do governo da Frelimo e da unidade nacional moçambicana. A hipótese defendida é a de que essas trajetórias desafiam a lógica binária das narrativas oficiais que, por sua vez, apresentam as histórias políticas recentes divididas entre revolucionários e reacionários, modernistas e tradicionalistas, amigos e inimigos, vítimas e algozes.
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