Narrativas do envelhecimento: ser velho na sociedade contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0103-20702014000100013Resumo
Com base em entrevistas realizadas a homens e mulheres com mais de 65 anos de idade residentes em Portugal, procura-se elaborar um retrato do que significa ser velho e de qual o impacto do processo de envelhecimento na vida e na identidade da pessoa idosa. Partindo do pressuposto de que, não obstante a maior regulação da idade na sociedade contemporânea, existe grande diversidade nas formas de viver a velhice, mobiliza-se uma perspectiva microssociológica de análise, na primeira pessoa, dos discursos sobre o envelhecimento. Além de diferenças de gênero e de estatuto social, a população idosa revela um relativo conformismo com a velhice, enquanto algo que é natural. Porém, algumas dimensões surgem como problemáticas para a identidade do idoso: o declínio do corpo e da saúde, a sexualidade, a perda de atividade, o isolamento e a discriminação social são dimensões particularmente relevantes para conceituar a pessoa idosa como ator reflexivo e portador de reflexividade.
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