A imaginação da terra: o pensamento brasileiro e a condição periférica
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0103-20702013000200005Resumo
As ciências sociais nas últimas décadas redescobriram a relevância do espaço como categoria de análise. O artigo discute esse spatial turn a partir da perspectiva do pensamento social brasileiro, enquadrado aqui como uma forma de imaginação periférica. Ao analisar a longa história da reflexão sobre o espaço entre intelectuais e escritores brasileiros, sugiro que esses escritos clássicos sobre a terra e o sertão fornecem subsídios importantes para se pensar a espacialidade na sociedade contemporânea de uma forma não eurocêntrica.
Downloads
Referências
Alexander, Jeffrey. (1999), “A importância dos clássicos”. In: Giddens, Anthony & Turner, Jonathan (orgs.). Teoria social hoje. São Paulo, Editora da Unesp, pp. 23-90.
Arruda, Maria Arminda do Nascimento. (2004), “Pensamento brasileiro e sociologia da cultura: Questões de interpretação”. Tempo Social, São Paulo, 16 (1): 107-118.
Barboza Filho, Rubem. (2000), Tradição e artifício: iberismo e barroco na formação americana. Belo Horizonte/Rio de Janeiro, Editora da ufmg/Iuperj.
Becker, Berta. (1987), “Estratégia do Estado e povoamento espontâneo na expansão da fronteira agrícola em Rondônia: Integração e conflito”. In: Kohlhepp, Gerd & Schrader, Achim (orgs.). Homem e natureza na Amazônia. Geographisches Institut, Universität Tübingen, pp. 237-252.
Bentes, Ivana. (2002), “Terra de fome e sonho: o paraíso material de Glauber Rocha”. Disponível em <http://www.bocc.ubi.pt/pag/bentes-ivana-glauber-rocha.html>, consultado em 20/6/2012.
Bernucci, Leopoldo. (1995), A imitação dos sentidos: prólogos, contemporâneos e epígonos de Euclides da Cunha. São Paulo, Edusp.
Bolle, Willi. (2004), Grande sertão br: o romance de formação do Brasil. São Paulo, Editora 34.
Botelho, André. (2007), “Sequências de uma sociologia política brasileira”. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, 50 (1): 49-82.
Brandão, Gildo Marçal. (2005), “Linhagens do pensamento político brasileiro”. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, 48 (2): 231-269.
Campos, Maria V. (2005), “Goiás na década de 1730: pioneiros, elites locais, motins e fronteira”. In: Bicalho, Maria Fernada & Ferlini, Vera Lúcia (orgs.). Modos de governar: ideias e práticas políticas no Império português (séculos xvi-xix). São Paulo, Alameda, pp. 341-359.
Cardoso, Vicente Licínio. (1924a), “O ambiente do romance russo”. In: . Vultos e ideias. Rio de Janeiro, Annuario do Brasil.
. (1924b), “Euclydes da Cunha”. In: . Figuras e conceitos. Rio de Janeiro, Annuario do Brasil.
. ([1933] 1979), “À margem do Segundo Reinado”. In: . À margem da história do Brasil. São Paulo, Nacional, pp. 71-126.
Carvalho, José Murilo de. (1998), “O motivo edênico no imaginário social brasileiro”. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69091998000300004&script=sci_arttext>, consultado em 16/6/2012.
Chatterjee, Partha. (2004), The politics of the governed: reflections on popular politics in most of the world. New York, Columbia University Press.
Connell, Raewyn. (2007), Southern theory: the global dynamics of knowledge in social sciences. London, Polity Press.
Costa Lima, Luiz. (1997), Terra ignota: a construção de Os sertões. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira.
Cunha, Euclides da. ([1902] 1995a), “Os sertões”. In: & Coutinho, Afrânio (orgs.). Obras completas. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, vol. 2, pp. 99-515.
. ([1909] 1995b), “À margem da história”. In: & Coutinho, Afrânio (orgs.). Obras completas. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, vol. 1, pp. 249-425.
Faria, Sheila de C. (1998), A colônia em movimento: fortuna e família no cotidiano colonial. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
Fernandes, Florestan. (1975), A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro, Zahar.
Flint, Collin & Shelley, Fred. (1996), “Structure, agency and context: the contributions of geography to world-systems analysis”. Sociological Inquiry, Hoboken, 66 (4): 496-508.
Franco, Maria Sylvia de Carvalho. (1969), Homens livres na ordem escravocrata. São Paulo, Instituto de Estudos Brasileiros.
Galvão, Walnice Nogueira. (1996), “Metáforas náuticas”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 41: 123-130.
Hardman, Francisco Foot. (1998), Trem fantasma: a modernidade na selva. São Paulo, Companhia das Letras.
Lessa, Renato. (2011), “Da interpretação à ciência: por uma história filosófica do conhecimento político no Brasil”. Lua Nova, 82: 17-60. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452011000100003&lng=en&nrm=iso>.
Lima, Antonio Carlos S. (1995), Um grande cerco de paz: poder tutelar, indianidade e formação do Estado no Brasil. Petrópolis, Vozes.
Lima, Nísia T. (1999), Um sertão chamado Brasil: intelectuais e representação geográfica da identidade nacional. Rio de Janeiro, Revan.
Maia, João Marcelo E. (2008), A terra como invenção: o espaço no pensamento social brasileiro. Rio de Janeiro, Jorge Zahar.
. (2010), “O pensamento social brasileiro e a imaginação pós-colonial”. Revista Estudos Políticos, Rio de Janeiro, 0 (1): 64-78.
. (2011), “Space, social theory and peripheral imagination: Brazilian intellectual history and de-colonial debates”. International Sociology, 26 (3): 392-407.
Martins, José de Souza. (1996), “O tempo da fronteira: retorno à controvérsia sobre o tempo histórico da frente de expansão e da frente pioneira”. Tempo Social, 8 (1): 25-70.
. (1997), Fronteira: a degradação do outro nos confins do humano. São Paulo, Hucitec.
Moraes, Antonio C. R. de. (2000), Bases da formação territorial do Brasil: o território colonial brasileiro no “longo” século xvi. São Paulo, Hucitec.
Moura, Denise A. Soares de. (2005), Sociedade movediça: economia, cultura e relações sociais em São Paulo – 1808-1850. São Paulo, Editora da Unesp.
Oliveira, Lúcia Lippi. (1999), “Interpretações sobre o Brasil”. In: Miceli, S. (org.). O que ler na ciência social brasileira, 1970-1995. São Paulo, Sumaré, pp. 147-182.
Pádua, José Augusto. (2004), Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888). Rio de Janeiro, Jorge Zahar.
Patel, Sujata. (2006), “Introduction. Urban studies: an exploration in theories and practices”. In: Patel, Sujata & Deb, Kushal (orgs.). Urban studies. New Delhi, Oxford University Press, pp. 1-38.
Pratt, Mary Louise. (1991), “Humboldt e a reinvenção da América”. Revista Estudos Históricos, 4 (8): 150-176.
Rangel, Alberto. ([1908] 2008), Inferno verde: cenas e cenários da Amazônia. Manaus, Valer.
Ridenti, Marcelo. (2000), Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do cpc à era da tv. Rio de Janeiro, Record.
Rumford, Chris. (2006), “Introduction: theorizing borders”. European Journal of Social Theory, 9 (2): 155-169.
Santana, José Carlos Barreto de. (2001), Ciência e da arte: Euclides da Cunha e as ciências naturais. São Paulo/Feira de Santana, Hucitec/uefs.
Sassen, Saskia. (2000), “Spatialities and temporalities of the global: elements for a theorization”. Public Culture, 12 (1): 215-232.
Schwarcz, Lilia Moritz & Botelho, André. (2011), “Pensamento social brasileiro, um campo vasto ganhando forma”. Lua Nova, 82: 11-16. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452011000100002&lng=en&nrm=iso>.
Schwartzman, Simon. (1982), Bases do autoritarismo brasileiro. Rio de Janeiro, Campus.
Souza, Jessé. (2010), Texto de orelha. In: Vandenberghe, F. Teoria social realista: um diálogo franco-britânico. Belo Horizonte, Editora da ufmg.
Stavenhagen, Rodolfo. ([1965] 1967), “Sete teses equivocadas sobre a América Latina”. In: Durand, J. C. G. (org.). Sociologia do desenvolvimento. Rio de Janeiro, Zahar, pp. 121-136.
Süssekind, Flora. (1990), O Brasil não é longe daqui. São Paulo, Companhia das Letras.
Velho, Otávio Guilherme. (1976), Capitalismo autoritário e campesinato: um estudo comparativo a partir da fronteira em movimento. São Paulo, Difel.
Wallerstein, Immanuel. (1996), Open the social sciences: report of the Gulbenkian Commission on the Restructuring of the Social Sciences. Stanford, Stanford University Press.
Werneck Vianna, Luiz J. (1997), A revolução passiva: iberismo e americanismo no Brasil. Rio de Janeiro, Revan.
. (1999), “Weber e a interpretação do Brasil”. Novos Estudos – Cebrap, 53: 33-48.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2015 Tempo Social
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.