Elites em disputa por mercados populares: concorrência e confiança na economia (i)legal de veículos
DOI:
https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204350Palavras-chave:
Elites, Mercados populares de carros, Confiança, Leilões, SegurosResumo
O artigo analisa as disputas entre elites para expansão de mercados ligados aos veículos rumo a setores populares. Tomamos dois casos como entrada empírica: o setor de leilões de carros usados, que opõe elite tradicional e elites financeiras globais; e as disputas entre seguradoras tradicionais e elites emergentes ligadas às associações de proteção veicular. Argumentamos que a recorrência do uso do termo confiança nesses conflitos evidencia a centralidade do crime, como fato ou ameaça, para a construção e funcionamento de mercados legais de veículos e produtos a eles ligados. O artigo é baseado em entrevistas e na observação participante em eventos; conferências e entrevistas disponíveis na internet; materiais secundários produzidos pelos atores engajados nas disputas; e projetos de lei e legislações.
Downloads
Referências
Beck, Ulrich, et al. (2010), Sociedade de risco. São Paulo, Editora 34, pp. 49-53.
Cook, Karen S.; Levi, Margaret & Hardin, Russell. (2009), Whom can we trust: how groups, networks, and institutions make trust possible. Nova York, Russell Sage Foundation.
Costa, Ramon Bezerra; Fernandes, Viviane Marinho & Gonçalves, Fernando do Nascimento. (2017), “A construção da confiança em experiências de hospitalidade mediadas pela internet: os casos do Airbnb e do Couchsurfing”. Comunicação, mídia e consumo, vol. 14, n. 39, p. 67.
Dardot, P. & Laval, C. (2014), The new way of the world: On neoliberal society. Nova York, Verso.
Dasgupta, Partha. (1988), “Trust as a commodity”. In: Gambetta, Diego (org.). Trust: Making and breaking cooperative relations. Oxford, Basil Blackwell, pp. 49-72.
Elyachar, Julia. (2005), Markets of dispossession: ngos, economic development, and the state in Cairo. Durham, Duke University Press.
Feltran, Gabriel de Santis. (2020), The entangled city: Crime as urban fabric in São Paulo. Manchester, Manchester University Press.
Feltran, Gabriel de Santis (ed.). (2022), Stolen cars: a journey through São Paulo’s urban conflict. Nova Jersey, John Wiley & Sons.
Fromm, Deborah & Motta, Luana. (2021), “Disputing poverty capital, reproducing urban inequalities: Auto insurance, militias and car theft in Brazil”. Polar: Political and Legal Anthropology: Review. Journal of the Association for Political and Legal Anthropology. Emergent Conversations. Illicities: City-Making and Organized Crime. https://polarjournal.org/2021/02/10/illicities-city-making-and-organized-crime/.
Fromm, Deborah & Motta, Luana. (2022), “Not criminals, legislators”. In: Feltran, Gabriel de Santis (ed.). Stolen cars: A journey through São Paulo’s urban conflict. Nova Jersey, Wiley & Sons.
Gambetta, Diego (org.). (1988), Trust: making and breaking cooperative relations. Oxford, Basil Blackwell.
Gambetta, Diego & Heather, Hamil. (2005), Streetwise: How taxi drivers establish their customers’ trustworthiness. Nova York, Russell Sage Foundation.
Garcia, Marie-France. (1986), “La construction sociale d’un marché parfait: Le marché au cadran de Fontaines-em-Sologne”. Actes de la Recherche em Sciences Sociales, 65: 2-13.
Giddens, Anthony. (1991), As consequências da modernidade. São Paulo, Editora Unesp.
Granovetter, Mark. (1985), “Economic action and social structure: the problem of embeddedness”. Amercian Journal of Sociology, 91: 481-510.
Hirata, Daniel. (2018), Sobreviver na adversidade: entre o mercado e a vida. São Carlos, Edufscar.
Misse, Michel. (2007), “Mercados ilegais, redes de proteção e organização local do crime no Rio de Janeiro”. Estudos Avançados, 21 (61): 139-157.
Misse, Michel. (2010), “Trocas ilícitas e mercadorias políticas: para uma interpretação de trocas ilícitas e moralmente reprováveis cuja persistência e abrangência no Brasil nos causam incômodos também teóricos”. Anuário Antropológico, 2 (35): 89-107.
“Número de denúncias de sites falsos aumentou 900%, segundo associação de leiloeiros” (11 ago. 2020). Jornal Hoje. Disponível em https://globoplay.globo.com/v/8768501/.
Onto, Gustavo. (2017), “Dispositivos da concorrência: como e em que medida a política antitruste faz mercados”. Revista Tomo, 30: 45-67.
Pimentel, André & Pereira, Luiz. (2022), “Auctions and mechanisms”. In: Feltran, Gabriel de Santis. Stolen cars: A journey through São Paulo’s urban conflict. Nova Jersey, Wiley.
Rangel, Felipe. (2021), A empresarização dos mercados populares: trabalho e formalização excludente. Belo Horizonte, Fino Traço.
Roy, Ananya. (2010), Poverty capital: microfinance and the making of development. Nova York, Routdledge.
Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) & Abipeças (Associação Brasileira da Indústria de Autopeças). (mar. 2022), “Relatório da frota circulante”. São Paulo, edição 2022. Acesso em: https://www.sindipecas.org.br/sindinews/Economia/2022/RelatorioFrotaCirculante_2022.pdf.
Telles, Vera. (2010), A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Belo Horizonte, Argvmentvm.
Vieceli, Leonardo. “Quase 37% dos trabalhadores recebem até 1 salário mínimo no Brasil”. (30 out. 2022), Folha de S.Paulo. Acesso em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/10/quase-37-dos-trabalhadores-recebem-ate-1-salario-minimo-no-brasil.shtml.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Luana Dias Motta

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.