Uma travessia transatlântica: a primeira geração de mediadores e mediadoras da obra de Bourdieu no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2022.191190Palavras-chave:
Bourdieu, Brasil, Circulação internacional de ideias, Recepção, TrajetóriaResumo
O artigo apresenta os resultados de pesquisa sobre a participação brasileira na rede científica criada em torno de Pierre Bourdieu e seus(uas) colaboradores(as), especialmente Monique de Saint Martin, nos anos de 1970 e 1980, nos centros de pesquisa que ele dirigia. Pensando a circulação internacional das ideias a partir dos agentes, identificamos questões relativas aos três momentos decisivos da trajetória dos que introduziram a obra de Bourdieu no Brasil: 1) as suas formas de inserçã o na rede, considerando as suas relaçõ es anteriores, os vínculos institucionais, os capitais mobilizados; 2) os indícios do processo de socializaçã o dos(as) brasileiros(as) no grupo de Bourdieu formado no CSE e CSEC nas décadas de 1970 e 1980; 3) o momento de dissoluçã o da rede, que parece corresponder ao passo decisivo do envelhecimento social dos(as) brasileiros(as), quando adquiriram postos importantes no Brasil e desenvolveram seus próprios programas de pesquisa, ao tempo em que Bourdieu se tornava um “pensador global”. Utilizamos para tanto, a análise de trajetórias baseada nas cartas que ele trocou com esses agentes, catalogadas nos seus Arquivos, além de entrevistas com os/as participantes da rede, os currículos Lattes e depoimentos disponíveis em revistas e livros.
Downloads
Referências
Arruda, Maria Arminda do Nascimento. (2004), “Pensamento brasileiro e sociologia da cultura: questões de interpretação”. Tempo Social. São Paulo, 16 (1), junho.
Bastide, Roger. (1971), Arte e sociedade. São Paulo, Companhia Editora Nacional/Edusp.
Bortoluci, José H.; Jackson, Luiz. C. & Pinheiro Filho, Fernando. A. (2015), “Contemporâneo clássico: a recepção de Pierre Bourdieu no Brasil”. Lua Nova, São Paulo, 94: 217-254.
Bourdieu, Pierre. (1961), “Roger Bastide, Les religions africaines au Brésil”. Homme, 1(1): 114-116.
Bourdieu, Pierre. (1968), “Campo Intelectual e Projeto Criador”. In: Pouillon, Jean et al. Problemas do estruturalismo. Rio de Janeiro, Zahar Eds.
Bourdieu, Pierre. (1974), A economia das trocas simbólicas. Miceli, Sérgio (org.). São Paulo, Perspectiva.
Bourdieu, Pierre. (1979), O desencantamento do mundo: estruturas econômicas e estruturas temporais. Miceli, Sérgio (org.). São Paulo, Perspectiva.
Bourdieu, Pierre. (1983), Sociologia. Coleção Grandes Cientistas Sociais. Ortiz, Renato (org.). São Paulo, Ática.
Bourdieu, Pierre. (1989), Escritos de educação. Nogueira, Maria Alice & Catani, Afrânio (orgs). Petrópolis, Vozes.
Bourdieu, Pierre. (2002), “Les conditions sociales de la circulation internationale des idées”. Actes de la recherche en sciences sociales, 145, décembre, pp. 3-8.
Bourdieu, Pierre. (2004), Esboço para uma auto-análise. Lisboa, Edições 1970.
Bourdieu, P. & Passeron, J. C. (1975), A reprodução. Elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves Editora S.A.
Campos, Luiz Augusto & Szwako, José. (2020), “Biblioteca Bourdieusiana ou como as ciências sociais brasileiras vêm se apropriando de Pierre Bourdieu (1999-2018)”. BIB, São Paulo, 91.
Candido, Antonio. (2000), Formação da Literatura Brasileira – momentos decisivos. Belo Horizonte, Itatiaia.
Carles, Pierre. (2001), La sociologie est um sport de combat. Documentário.
Cury, Carlos Roberto Jamil. (2004), “Qualificação Pós-Graduada no Exterior”. In Almeida, Ana Maria; Canedo, Letícia; Garcia Jr., Afrânio & Bittencourt, Agueda (orgs). Circulação Internacional e Formação Intelectual das Elites Brasileiras. Campinas, Ed. da Unicamp.
Delsaut, Yvette. (2005), “Sobre o espírito da pesquisa – Entrevista com Pierre Bourdieu”. Tempo Social, São Paulo, 17 (1), junho. Tradução de Paulo Neves.
Durand, José Carlos. (1991), “Négociation politique et rénovation de l’architecture - Le Corbusier au Brésil”. Actes de la recherche en sciences socials, 88: 61-77, jun.
Durand, José Carlos & Zanotta, Lia Machado. (1979), Educação e hegemonia de classe. Rio de Janeiro, Zahar.
Garcia Jr., A. R. (1983), Terra de Trabalho. Trabalho de Pequenos Produtores. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
Garcia Jr., A. R. (1989), O Sul: Caminho do Roçado. Estratégias de Reprodução Camponesa e Transformação Social. 1. São Paulo/Brasília, Marco Zero/cnpq, UnB.
Garcia Jr., A. R. (2020), “Migrantes internacionais como caso limite de agentes sociais impelidos à reconversão: debates teóricos e lições de Abdelmalek Sayad no Brasil”. In: Bógus, Lúcia; Baptista, Dulce; Pereira, José Carlos Alves & Dias, Gustavo (orgs.). A contemporaneidade do pensamento de Abdelmalek Sayad. São Paulo, Educ – Editora da PUC-SP.
Garcia Jr., Afrânio & Canedo, Letícia. (2005), “Bolsistas brasileiros e doutorados internacionais”. In: Martins, Carlos Benedito. Diálogos entre o Brasil e a França – formação e cooperação acadêmica. Recife, Fundação Joaquim Nabuco, Ed. Massangana.
Garcia, Marie-France. (1986), “La construction sociale d’un marché parfait”. Actes de la recherche en sciences sociales. 65, novembre. La construction sociale de l’économie. pp. 2-13.
Gheorghiu, Mihai. (2018), “Entretien avec Afrânio Raul Garcia Jr: Les frontières internationals des sciences sociales. Itinéraires d’un intellectuel collectif.” Psihologia Socialã, Bucareste, 42, II.
Leite Lopes, José Sérgio Leite. (1976), O Vapor do Diabo. O Trabalho dos Operários do Açúcar. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
Leite Lopes, José Sérgio Leite. (1988), A Tecelagem dos Conflitos de Classe Na Cidade das Chaminés, São Paulo/Brasília, Marco Zero/CNPq.
Leite Lopes, José Sérgio Leite. (2009), “A ponta do novelo: em busca da trajetória de Lygia Sigaud”. Mana, Rio de Janeiro, 15(1), abril.
Loureiro, Maria Rita. (1995), “L’ascension des économistes au Brésil”. Actes de la recherche en sciences socials, 108: 70-78, jun.
Loyola, Maria Andrea. (2002), Pierre Bourdieu. Rio de Janeiro, Eduerj.
Martinière, Guy. (1982), Aspects de la coopération franco-brésilienne: transplantation culturelle et stratégie de la modernité. Grenoble/Paris, Presses universitaires de Grenoble/Ed. de la Maison des sciences de l’homme.
Miceli, Sergio. (1974), “A força do sentido”. In: Bourdieu, Pierre. A economia das Trocas Simbólicas. São Paulo, Perspectiva.
Miceli, Sergio. (1979), Intelectuais e classe dirigente no Brasil (1920-1945). São Paulo, Difel.
Miceli, Sergio. (1981), Les Intellectuels et le pouvoir au Brésil. Paris, Maison des Sciences de l’Homme, Presses Universitaires de Grenoble.
Miceli, Sergio (org.). (1989), História das Ciências Sociais no Brasil. Vol. 1. São Paulo, Vértice/Idesp.
Muniz Jr., José de Souza & Rodrigues, Lidiane Soares. (2018), “Entrevista com Sergio Miceli”. Prismas, Buenos Aires, 22(2).
Ortiz, Renato. (2013), “Nota sobre a recepção de Pierre Bourdieu no Brasil”. Sociologia & antropologia. Rio de Janeiro, 3(5): 81–90, junho.
Palmeira, Moacir. (1971), Latifundium et capitalisme au Brésil: lecture critique d’un débat. Paris. Tese de doutorado em Ciências Humanas. Université René Descartes.
Perruso, Marco Antonio & Araújo, Mônica da Silva (orgs.). (2015), Ciência e Política – memórias de intelectuais. Rio, Mauad, Faperj.
Sapiro, Gisèle & Bustamante, Mauricio. (2009), “Translation as a Measure of International Consecration. Mapping the World Distribution of Bourdieu’s Books in Translation”. Sociologica, 2(3), maio-dezembro.
Sapiro, Gisèle; Denord, François; Duval, Julien; Hauchecorne, Mathieu; Heilbron, Johan & Poupeau, Franck. (2020), Dictionnaire International Bourdieu. Paris, Editions CNRS.
Sigaud, Lygia. (1980), Greve nos engenhos. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
Souto Maior, Heraldo P. (2005), Para uma História da Sociologia em Pernambuco: A pós-Graduação. Recife, Ed. Universitária da ufpe.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Maria Eduarda da Mota Rocha
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.