Memória e ditadura militar: lembrando as violações de direitos humanos
DOI:
https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2021.177990Palavras-chave:
Memória, Ditadura militar, Arquivo, Lugar de memória, MuseuResumo
Este artigo tem por objetivo analisar a formação de arquivos, a preservação de sítios da memória e a criação de museus relacionados à construção da memória das violações de direitos humanos no período da ditadura civil-militar. Em sociedades contemporâneas, em que o ritmo da vida e as novas tecnologias dificultam os encontros e permanências, já não falamos tanto de memória comunitária ou do grupo, mas, sim, de memória culturais, que são exteriorizadas e armazenadas a partir de meios ou suportes. Embora o trabalho da memória nem sempre tenha a capacidade de evitar a repetição de atrocidades, a necessidade que temos dele se impõe quando ameaças de negacionismo e falsificações históricas se fortalecem. As fontes de dados utilizadas estão presentes em documentos produzidos por organizações governamentais e da sociedade civil, meios de comunicação, sítios eletrônicos, instituições visitadas, bem como em algumas entrevistas realizadas.
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