Sindicalismo e neodesenvolvimentismo: analisando as greves entre 2003 e 2013 no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2017.125952Palavras-chave:
Sindicalismo, Greves, Neodesenvolvimentismo, Governos Lula, Governos Dilma Rousseff, Governo Michel TemerResumo
Neste artigo, apresentaremos uma análise sobre as greves que aconteceram no Brasil no período dos governos do Partido dos Trabalhadores: de 2003, primeiro ano do primeiro mandato de Lula da Silva, até 2013, penúltimo ano do primeiro mandato de Dilma Rousseff na presidência da República. Ainda que tendo como foco esses dez anos, buscaremos, ao final, refletir sobre os dados posteriores para procurar identificar quais movimentos estão se desenhando para o sindicalismo brasileiro no período subsequente. As greves serão analisadas tendo em consideração os seguintes aspectos: frequência e duração das paralisações, as motivações, os encaminhamentos e os resultados desses conflitos. Ao longo do texto trataremos de explicar por que entendemos que essas greves reforçam a tese da existência de um período neodesenvolvimentista no Brasil e refletem as características da configuração específica da luta de classes do período. Os principais dados que utilizaremos foram coletados e sistematizados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Downloads
Referências
Almeida, Maria Hermínia Tavares de. (1975), “Sindicatos no Brasil: novos problemas, velhas estruturas”. Debate Crítica, 6: 49-74.
Amorim, Wilson Aparecido Costa de & Santos, Isabel Cristina dos. (2012), “Greves no Brasil: uma análise do período recente e tendências”. Cesit, Carta Social do Trabalho, 18: 3-22.
Araújo, Angela Maria Carneiro & Oliveira, Roberto Verás de. (2011), “El sindicalismo brasileño en la Era de Lula”. Revista Latinoamericana de Estudios del Trabajo, 1: 83-112.
______ et al. (2001), “Reestruturação produtiva e negociação coletiva nos anos 90”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 16 (45): 85-112. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092001000100005&lng=pt&nrm=iso, consultado em 26/10/2016.
Bandeira, Moniz. (1979), Brizola e o trabalhismo. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira.
Boito Jr., Armando. (1991), O sindicalismo de estado no Brasil: uma análise crítica da estrutura sindical. São Paulo/Campinas, Hucitec/Editora da Unicamp.
______. (2012), As bases políticas do neodesenvolvimentismo. Disponível em http://eesp.fgv.br/sites/eesp.fgv.br/files/file/Painel%203%20-%20Novo%20Desenv%20br%20-%20
Boito%20-%20Bases%20 Pol%20Neodesenv%20-%20paper.pdf, consultado em 11/4/2013.
______ & Saad-Filho, Alfredo. (2016), “State, state institutions, and political power in Brazil”. Latin American Perspectives, 1: 213-230.
______ et al. (2015), “La nouvelle phase du syndicalisme brésilien”. Cahiers des Amériques Latines, 80: 145-164.
______ & Berringer, Tatiana. (2013), “Brasil: classes sociais, neodesenvolvimentismo e política externa nos governos Lula e Dilma”. Revista de Sociologia e Política, 21 (47): 31-38.
______ & Marcelino, Paula. (2010), “O sindicalismo deixou a crise para trás? Um novo ciclo de greves na década de 2000”. Cadernos Crh, 23 (59): 323-338.
Braga, Ruy. (2010), “Os sindicatos no governo Lula”. Le Monde Diplomatique Brasil. Disponível em http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=683, consultado em 7/7/2016.
______. (2016), “Terra em transe: o fim do lulismo e o retorno da luta de classes”. In: Singer, André & Loureiro, Isabel (orgs.). As contradições do lulismo: a que ponto chegamos? São Paulo, Boitempo, pp. 55-92.
______ & Bianchi, Álvaro. (2013), “O social-liberalismo chega aos trópicos”. Disponível em http://www.pstu.org.br/o-social-liberalismo-chega-aos-tropicos/, consultado em 30/11/2016.
Bresser-Pereira, Luiz Carlos. (2009), “O novo desenvolvimentismo”. In: ______. Globalização e competição. Rio de Janeiro, Elsevier, pp. 75-94.
Campos, Cauê Vieira. (2016), Conflitos trabalhistas nas obras do pac: o caso das Usinas Hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte. Campinas, dissertação de mestrado em ciência política, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas.
Cardoso, Adalberto. (2014), “Sindicatos no Brasil: passado, presente e futuro”. In: Cattani, Antonio David (org.). Trabalho: horizonte 2021. Porto Alegre, Escritos, pp. 121-145.
Cardoso Jr., Celso & Musse, Juliano Sander. (2014), “Salário mínimo e desenvolvimento: desdobramentos de uma política de valorização real no Brasil”. Revista Ciências do Trabalho, 2: 1-19.
Carvalho, Francisco Prandi de. (2016), “O sindicalismo brasileiro nos governos do pt: um balanço crítico da bibliografia”. Relatório de Iniciação Científica, Fapesp (mimeo.).
Cavalcante, Sávio & Arias, Santiane. (2017), As classes médias brasileiras e as mobilizações de rua de 2013 a 2016: os sentidos desiguais da revolta (mimeo.).
Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). (2017), “Nota técnica: Impactos da Lei 13.429/2017 para os trabalhadores. Contrato de trabalho temporário e terceirização”. Disponível em https://www.dieese.org.br/notatecnica/2017/notaTec175TerceirizacaoTrabalhoTemporario, consultado em 2/8/2017.
______. (2017a), Nota técnica: Balanço das negociações dos reajustes salariais de 2016. Disponível em https://www.dieese.org.br/balancodosreajustes/2016/estPesq83balanco Reajustes2016.pdf, consultado em 02/08/2017.
______. (2016), Estudos e Pesquisas, n. 80: Balanço das negociações salariais em 2015. Disponível em http://www.dieese.org.br/balancodosreajustes/2016/estPesq80balancoReajustes2015. pdf, consultado em 26/10/2016.
______. (2015), Estudos e Pesquisas, n. 79: Balanço das greves em 2013. Disponível em http://www.dieese.org.br/balancodasgreves/2013/estPesq79balancogreves2013.pdf, consultado em 7/7/2016.
______. (2012), Estudos e Pesquisas, n. 60: Balanço das greves em 2009 e 2010. Disponível em: http://www.dieese.org.br/esp/estPesq60balGreves20092010.pdf, consultado em 21/7/2012.
______. (2009), Estudos e Pesquisas, n. 45: Balanço das negociações salariais em 2008. Disponível em http://www.dieese.org.br/esp/estPesq45balancoGreves2008.pdf, consultado em 20/7/2012.
______. (2007), Estudos e Pesquisas (s/n): Balanço de greves em 2007. Disponível em http://www.dieese.org.br/esp/estPesq41Greves2007.pdf, consultado em 20/7/2012.
______. (2006), Estudos e Pesquisas, ano 2, n. 20: As greves em 2005. Disponível em http:// portal.mte.gov.br/data/files/ff8080812ba5F4B7012bab0B8efd6af8/Prod03_2006.pdf, consultado em 20/7/2012.
Druck, Graça. (2006), “Os sindicatos, os movimentos sociais e o governo Lula: cooptação e resistência”. Osal, ano vi, 19: 329-340.
Drummond, Carlos. (2016), “O abismo que nos separa”. Revista Carta Capital, ano xxii, 930: 26-29.
Galvão, Andreia. (2007), Neoliberalismo e reforma trabalhista no Brasil. Rio de Janeiro, Revan.
______. (2012), “A reconfiguração do movimento sindical nos governos Lula”. In: Boito, Armando & Galvão, Andreia (orgs.). Política e classes sociais no Brasil dos anos 2000. São Paulo, Alameda, 2012, pp. 187-221.
______. (2016), “Political action of the Brazilian labour movement: issues and contradictions facing pt governments”. Studies in Political Economy, pp. 1-15. Disponível em http://www.tandfonline.com/doi/full /10.1080/07078552.2016.1249127, consultado em 30/11/2016.
______ et al. (2017), Dossiê Reforma Trabalhista. Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit). Unicamp. Disponível em http://www.cesit.net.br/wp-content/uploads/2017/06/Dossie_final.pdf, consultado em 2/8/2017.
______ et al. (2011), “Brasil: movimento sindical e popular na década de 2000”. In: Modonesi, Massimo & Rebón, Julian (orgs.). Una década en movimiento: luchas populares en América Latina en el amanecer del siglo xxi. Buenos Aires, Clacso, pp. 153-181.
______ et al. (2015). As novas centrais sindicais brasileiras. Curitiba, Appris. Korpi, Walter & Shavev, Michael. (1979), “Strikes, industrial relations and class conflict in capitalista societies”. The British Journal of Socioloy, 30 (2): 164-187.
Krein, José Dari & Biavaschi, Magda. (2015), “Os movimentos contraditórios da regulação do trabalho no Brasil dos anos 2000”. Cuadernos del Cendes, ano 32, 89: 47-82.
______ & Teixeira, Marilane Oliveira. (2014), “As controvérsias das negociações coletivas nos anos 2000 no Brasil”. In: Oliveira, Roberto Véras; Bridi, Maria Aparecida & Ferraz, Marcos (orgs.). O sindicalismo na era Lula: paradoxos, perspectivas e olhares. Belo Horizonte, Fino Traço, pp. 213-245.
Linhares, Rodrigo. (2015), “As greves de 2011 a 2013”. Revista Ciências do Trabalho, 5: 97-112.
Marcelino, Paula. (2013), “Trabalhadores terceirizados e luta sindical”. Appris, Curitiba.
______ & BoitoJr. (2011), “Novo operariado, velhos desafios: o sindicalismo de trabalhadores terceirizados”. Estudos de Sociologia, Araraquara, 31: 341-362.
Martins, Heloísa Helena Teixeira de Souza. (1989), O Estado e a burocratização do sindicato no Brasil. São Paulo, Hucitec.
Mattos, Marcelo Badaró. (2003), “A cut hoje e os dilemas de adesão à ordem”. Revista Outubro, 9: 57-75.
Noronha, Eduardo. (2009), “Ciclo de greves, transição política e estabilização: Brasil, 1978-2007”. Lua Nova, 76: 119-168.
Oliveira, Francisco de. (2003), “O ornitorrinco”. In: Crítica à razão dualista/O ornitorrinco. São Paulo, Boitempo, pp. 121-150.
Oliveira, Roberto Véras de. (2013), “Suape em construção, peões em luta: o novo desenvolvimento e os conflitos do trabalho”. Caderno crh, 26 (68): 233-252.
Quadros, Waldir. (2015), “Paralisia econômica, retrocesso social e eleições”. Texto para Discussão, n. 249, Campinas, ie/Unicamp, 13 p. Disponível em file:///C:/Users/Dell/Downloads/capa%20modificada%201.pdf, consultado em 10/1/2017.
Ramalho, José Ricardo & Rodrigues, Iram Jácome. (2013), “Sindicato, desenvolvimento e trabalho: crise econômica e ação política no abc”. Caderno crh, 26 (68): 217-231. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-49792013000200002&lng=en&nrm=iso, consultado em 10/1/2017.
Rego, Yan. (2014), “A distribuição das greves brasileiras por central sindical”. Relatório de Iniciação Científica, usp/São Paulo (mimeo.).
Rhefeldt, Udo. (1996), “Cycle des grèves et cycle économique: approches théoriques et comparatives en débat”. Ires, Cronique Internacionale, 36: 47-51.
Rodrigues, Leôncio Martins. (2002), Destino do sindicalismo. São Paulo, Edusp.
Romão, Frederico Lisboa. (2009), Óleo da terra, homens e mulheres da luta: petroleiros de Getúlio a fhc. São Paulo, Expressão Popular.
Sallum Jr., Brasílio. (2012), “Desenvolvimento e desenvolvimentismo”. Revista Faac, 1 (2):129-134.
Singer, André. (2012), Os sentidos do lulismo. São Paulo, Companhia das Letras.
Soares, José de Lima. (2013), “As centrais sindicais e o fenômeno do transformismo no governo Lula”. Revista Sociedade e Estado, 28 (13): 541-564.
Sória e Silva, S. (2011), Intersecção de classes: fundos de pensão e sindicalismo no Brasil. Campinas, tese de doutorado em Sociologia, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas.
Tilly, Charles et al. (1973), “Les vagues de grèves en France, 1890-1968”. Annales Histoire, Sciences Sociales. Paris, 28 (4): 857-894.
Velasco e Cruz, Sebastião et al. (orgs.). (2015), Direita, volver! O retorno da direita e o ciclo político brasileiro. São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo.
Weffort, Francisco. (1973), “Origens do sindicalismo populista no Brasil”. Estudos Cebrap, 4: 66-105. Disponível em http://cebrap.org.br/bv/arquivos/origens_do_sindicalismo_populista_d.pdf, consultado em 12/12/2016.
______. (1978), O populismo na política brasileira. São Paulo, Paz e Terra.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2017 Tempo Social
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.