Flexibilidade à francesa: trabalhadores na Peugeot Citroën brasileira
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0103-20702006000100007Palavras-chave:
PSA Peugeot Citroën, Trabalhadores, Relações de trabalho, SindicatoResumo
A proposta deste artigo é discutir os efeitos do processo recente de flexibilização da produção industrial (automotiva) sobre as relações de trabalho e sobre os operários e seus sindicatos. A partir do exemplo da primeira unidade brasileira da montadora francesa PSA Peugeot Citroën, instalada no município de Porto Real, Rio de Janeiro, em 2001, pretende-se argumentar que a construção de uma fábrica "enxuta" e reestruturada, com um projeto de superação da organização fordista e integrante de uma cadeia produtiva global, reconfigura as relações com os trabalhadores (e com o sindicato) no espaço fabril por meio da exigência de mais escolaridade, maior capacidade de adaptação às novas tecnologias e novas formas de organização da produção. No entanto, mantém práticas gerenciais autoritárias e evita a reprodução de experiências anteriores de resistência operária. O debate beneficia-se dos trabalhos sobre esta empresa na França realizados por Michel Pialoux e Stéphane Beaux, que nas últimas décadas analisaram suas transformações gerenciais e os desdobramentos sobre o modo de vida de diferentes gerações de operários.
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