A burla do gênero: Cacilda Becker, a Mary Stuart de Pirassununga
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0103-20702004000100012Palavras-chave:
Cacilda Becker, Décio de Almeida Prado, Teatro brasileiro moderno, Atrizes, Gênero, Nome e renomeResumo
O artigo procura explicar as razões que levaram as atrizes brasileiras a conquistarem mais cedo do que em outros campos da produção cultural o "nome próprio" e tudo que dele decorre - notoriedade, prestígio e autoridade. Esse pressuposto é desenvolvido por meio do esquadrinhamento da morfologia corporal e da carreira fulgurante de Cacilda Becker (1921-1969). Transitando por personagens muito distintas, da rainha Mary Stuart ao menino Pega-Fogo, Cacilda triunfou porque elevou a alturas máximas a sua competência como atriz, em um contexto muito particular de renovação do teatro brasileiro. Nem bonita nem bem formada, em razão de sua origem social e da sua precária escolarização, marcada para sempre, e em suas palavras, "pela pobreza", Cacilda pertence ao time seleto das grandes atrizes que, fazendo de seus corpos o suporte privilegiado para a reconversão de experiências alheias, dominam as convenções teatrais a ponto de burlar constrangimentos sociais de classe, de gênero e de idade, infundindo às personagens uma pletora de significados novos e inesperados. Entender como isso aconteceu com Cacilda é o objetivo central do artigo.
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