Tristes Trópicos/trópicos tristes: o olhar de fora
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2447-8997.teresa.2018.150506Resumo
Falarei aqui sobre minha tentativa de cruzar o olhar de fora de Lévi-Strauss sobre o Brasil e o mundo não-europeu, trópicos, com o meu olhar de dentro sobre o seu livro, Tristes Trópicos. Algumas datas são importantes para contextualizar o que irei expor: 1935-39, anos das duas vindas de Lévi-Strauss ao país, quando ele realiza também as duas expedições junto aos índios do Mato Grosso: cadiuéus, bororos, nambiquaras, mondés; 1954-55, quando ele escreve e publica o livro, cujas condições objetivas e subjetivas foram muito bem expostas por Emmanuelle Loyer (Lévi-Strauss, 2018, pp. 377), livro fundamental para o estudo do autor e sua obra; e 2018, ano desta reflexão e conferência, num momento em que tudo o que tinha alguma solidez nas nossas ciências humanas e no país parecia estar se desmanchando no ar. Esse é um sentimento que Lévi-Strauss já prenunciava e o livro também pode ser visto como um sintoma de seu mal-estar. No título, o adjetivo, tristes, antecede o substantivo, trópicos, de modo que o julgamento conclusivo do que foi visto ganhava maior importância do que o objeto: uma variedade geográfica e cultural enorme, que ia do extremo Oriente às Américas. Eu experimentei a sua inversão, antecedendo o substantivo, os lugares, com o objetivo de verificar se o estado anímico conclusivo que ele provocava no etnólogo, que o apreciava a partir de um olhar europeu, era um fato de permanência, estrutural, ou só transitório.
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