A saúde no contexto de uma reserva de desenvolvimento sustentável: o caso de Mamirauá, na Amazônia Brasileira

Autores

  • Marcílio Sandro de Medeiros Fundação Oswaldo Cruz; Instituto Leônidas e Maria Deane; Departamento de Pesquisas
  • Lia Giraldo da Silva Augusto Fundação Oswaldo Cruz; Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
  • Stefania Barca Universidade de Coimbra; Centro de Estudos Sociais
  • Daniel Souza Sacramento Secretaria Municipal de Saúde de Manaus
  • Inez Siqueira Santiago Neta Universidade Aberta da Terceira Idade; Escola Superior de Ciências da Saúde
  • Isabela Cristina Gonçalves Universidade do Estado do Amazonas; Escola Superior de Ciências da Saúde
  • André Monteiro Costa Fundação Oswaldo Cruz; Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0104-12902018170514

Palavras-chave:

Áreas Protegidas, Saúde, Populações Vulneráveis, Amazônia

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar as condições de vida e saúde de ribeirinhos de oito comunidades da Reserva Mamirauá, a partir da categoria de análise da Reprodução Social de Juan Samaja. Seu método é descritivo, e foram utilizados questionário estruturado, observação direta e análise documental. A pesquisa identificou baixo envolvimento dos ribeirinhos em relação ao controle social e ao apoio comunitário, o que indica problemas na interação biocomunal e política. O atendimento às demandas sociais está organizado de forma conflituosa, uma vez que várias instituições que atuam nesse território não se articulam. A interação da dimensão política com a tecnoeconômica apresentou Razão de Prevalência <1,0 nas comunidades em que o Instituto Mamirauá promoveu maior diversificação das atividades. Contudo, os rendimentos para subsistência sofrem forte variação e não alcançam a soma de 1 salário mínimo em 60,6% das famílias. Foram observadas elevadas frequências em queixas de saúde (78,8%) e acidentes de trabalho (70,9%) e, quanto à avaliação dos serviços, 54 % dos ribeirinhos deram nota inferior a 2 pontos. Concluímos que os processos sociais que determinam as situações de saúde dos ribeirinhos de Mamirauá são oriundos da estrutura de poder configurada pelas práticas territorializadas das políticas ambiental e indígena, e pelos programas de saúde pública, cuja sobreposição tem produzido interações conflituosas no que diz respeito às competências e responsabilidades com a atenção à saúde. O apoio à cogestão da Reserva foi pontual e, dessa forma, pouco alterou os resultados danosos dessa estrutura social sobre os grupos mais vulneráveis.

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Publicado

2018-01-01

Edição

Seção

Artigos de pesquisa original

Como Citar

Medeiros, M. S. de, Augusto, L. G. da S., Barca, S., Sacramento, D. S., Neta, I. S. S., Gonçalves, I. C., & Costa, A. M. (2018). A saúde no contexto de uma reserva de desenvolvimento sustentável: o caso de Mamirauá, na Amazônia Brasileira. Saúde E Sociedade, 27(1), 128-148. https://doi.org/10.1590/s0104-12902018170514