Entrevista com José Ricardo Ayres

Autores

  • Marcelo Eduardo Pfeiffer Castellanos Universidade Federal da Bahia; Instituto de Saúde Coletiva
  • Tatiana Wargas de Faria Baptista Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca; Departamento de Administração e Planejamento em Saúde

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0104-12902018000002

Palavras-chave:

Vulnerabilidade, Teoria do Reconhecimento, Saúde Coletiva, Aids

Resumo

Nesta entrevista à revista Saúde e Sociedade, José Ricardo Ayres conta como se aproximou do conceito de vulnerabilidade, das vantagens e perigos presentes em seu emprego, situando-o na saúde coletiva e na conjuntura científica, sanitária e política brasileira. Pensando nos estudos sobre a epidemia de aids, ele destaca diferenças nas ênfases dadas ao conceito no Brasil e nos Estados Unidos da América (EUA). Enquanto nos EUA a ênfase recaiu sobre o eixo da ética e do direito, fomentando ações jurídicas reivindicatórias perante o Estado, no Brasil enfatizou-se uma perspectiva crítica sobre o caráter tecnocrático das políticas públicas e sobre o autoritarismo dos saberes operados pela saúde pública, buscando relações mais dialógicas com os movimentos sociais em um contexto de lutas pela (re)construção de um Estado de direito democrático, em pleno processo de reabertura política no Brasil. A articulação entre vulnerabilidade e aportes específicos da teoria do reconhecimento, segundo Ayres, reforça a análise das relações entre intersubjetividades e contextos sociais, diálogos e conflitos, ações e estruturas sociais. Para ele, devemos considerar a dialética das representações, das interações e do trabalho como forma de construção do mundo de relações em que nos inscrevemos, rompendo assim com a ideia de que o indivíduo é uma “mônada” que atua sobre o mundo como algo meramente externo ou que age segundo imperativos sociais sem possibilidade de transformação da realidade. Desse modo, evitamos a naturalização da vulnerabilidade, quando tomada como característica intrínseca dos sujeitos, o que neutralizaria o interesse analítico e político desse conceito.

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Publicado

2018-01-01

Edição

Seção

Dossiê

Como Citar

Castellanos, M. E. P., & Baptista, T. W. de F. (2018). Entrevista com José Ricardo Ayres. Saúde E Sociedade, 27(1), 51-60. https://doi.org/10.1590/s0104-12902018000002