O teatro da revolução branca chegou ao fim: atos de fala antirracistas em Legítima Defesa
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v23i3p160-190Palavras-chave:
Legítima Defesa, Atos de Fala, Crítica Negra, Racismo, Teatro BrasileiroResumo
Fundamentado na teoria dos atos de fala e considerando as pronunciadas interpelações quanto ao racismo antinegro endereçadas ao campo teatral brasileiro na segunda década do século XXI, este artigo investiga efeitos antirracistas produzidos por enunciações performativas presentes nas obras Em Legítima Defesa (2016) e A missão em fragmentos: 12 cenas de descolonização em legítima defesa (2017) do coletivo paulistano Legítima Defesa. Escrito da perspectiva de um espectador e pesquisador teatral autoidentificado como branco, conclui que as referidas obras e o fortalecimento da crítica negra inauguram nova contemporaneidade para o campo das artes cênicas no Brasil.
Downloads
Referências
AIRES, L. Entre o chão e o tablado: a invenção de um dramaturgo. São Luís: Edição do Autor, 2012.
ARRASTÃO DE LOIROS. Direção: Daniel Lima. Rio de Janeiro: Invisíveis Produções, 2005. Disponível em: https://www.danielcflima.com/Arrastao-De-Loiros. Acesso em: 3 ago. 2024.
Arte e Sociedade: a representação do negro (2015). [S. l.: s. n.], 2015. 1 vídeo (179 min). Publicado pelo canal Itaú Cultural. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LG_cRXBsKfE. Acesso em: 30 jul. 2024.
AUSTIN, J. L. How to do things with words. London: Oxford University Press, 1962.
BARBOSA, M. Movimento Negro Unificado: 39 anos de luta. Expressão Popular, 30 maio 2017. Disponível em: https://medium.com/@expressaopopular/movimento-negro-unificado-39-anos-de-luta-7a639de67c93. Acesso em: 27 jul. 2024.
BERNARDES, M. E. O estandarte glorioso da cidade: Teatro Municipal de São Paulo (1911-1938). Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, 2004. DOI: 10.47749/T/UNICAMP.2004.300758.
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. Tradução: Sérgio Miceli, Sílvia de Almeida Prado, Sônia Miceli, Wilson Campos. 6a. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.
BUTLER, J. Excitable Speech: A politics of the performative. New York;London: Routledge, 1997.
CAPÍTULO 4, Versículo 3. [Compositor e intérprete]: Racionais MC’s. São Paulo: Cosa Nostra, 1997.
CARDOSO, R. Modernidade em preto e branco: Arte e imagem, raça e identidade no Brasil, 1890-1945. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
D’ALVA, R. E. Teatro hip-hop: a performance poética do ator-MC. São Paulo: Perspectiva, 2014.
DERRIDA, J. Assinatura Acontecimento Contexto. In: Margens da filosofia. Tradução: Joaquim Torres Costa e Antônio M. Magalhães. Campinas: Papirus, 1991. p. 349-373.
DESS, C. Notas sobre o conceito de representatividade. Urdimento: Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 1 n. 43, p. 1-30, 2022. DOI: 10.5965/1414573101432022e0206
DESS, C. Para se pensar uma representatividade negra: reflexões sobre o corpo (não) negro nas artes cênicas. Urdimento: Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 3, n. 39, p. 1-21, 2020. DOI: 10.5965/14145731033920200204
DOSSIN, F. R. Exhibit B: Performance entre racismo e antirracismo. Urdimento: Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 2, n. 27, p. 78-95, 2016. DOI: 10.5965/1414573102272016078
É TUDO NO MEU NOME. [Compositor e intérprete]: Rappin’ Hood. São Paulo: Trama, 2001.
EMICIDA: AmarElo - É tudo pra ontem. Direção: Fred Ouro Preto. São Paulo: Netflix, 2020.
FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Tradução: Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.
FERREIRA DA SILVA, D. A dívida impagável. São Paulo: Oficina da Imaginação Política e Living Commons, 2019.
FIORETTI, G. Antes de cancelar peça acusada de racismo, mostra propôs troca a autor. Folha de S.Paulo, São Paulo, 19 fev. 2016. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/02/1740795-mitsp-propos-trocar-peca-acusada-de-racismo-antes-de-cancelar-realizacao.shtml#:~:text=%22Saiu%20uma%20reportagem%20mentirosa%20informando,o%20grupo%20n%C3%A3o%20se%20pronunciou. Acesso em: 27 jul. 2024.
FLUP 22: 100 anos de modernismo negro. [S. I.: s. n.], 22 vídeos (1.517 min). Publicado pelo canal Flup RJ. Disponível em: https://www.youtube.com/playlist?list=
PLK0OQf2NeLr0WsHbmAbgQFsMH5E7I35rW Acesso em: 23 nov. 2024.
FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO. Neo Muyanga. 34° Bienal de São Paulo, São Paulo, c2020. Disponível em: http://34.bienal.org.br/artistas/7302. Acesso em: 30 jul. 2024.
GILROY, P. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. Tradução: Cid Knipel. 2a. ed. São Paulo: Editora 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, 2012.
GONÇALVES, A. M. Blackface: quando as máscaras caem. Blogueiras Negras, 18 maio 2015. Disponível em: https://blogueirasnegras.org/blackface-quando-as-mascaras-caem/ Acesso em: 4 ago. 2024.
INVASÃO no teatro municipal pelo grupo legítima defesa. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal Junior kbrown. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=A8Xlmy5eNAc&feature=youtu.be. Acesso em: 30 jun. 2024.
LEGÍTIMA DEFESA. A missão em fragmentos: 12 cenas de descolonização em legítima defesa. São Paulo: n-1 edições, MITsp, 2017.
LIMA, E. Entrevista. In: PEREIRA JÚNIOR, V. C. Ensaiar hegemonia: práticas contemporâneas de teatro político no Brasil. Tese (Doutorado em Artes Cênicas) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, Rio de Janeiro, 2022.
LIMA, E. O que é a performance poética Em Legítima Defesa? In: PRADO, M. A. Opinião: Negro na MITsp Em Legítima Defesa ou Eu Não Vou me Calar, por Eugênio Lima. Blog do Arcanjo, [S. l.], 11 mar. 2016. Disponível em: https://www.blogdoarcanjo.com/2016/03/11/negro-na-mitsp-em-legitima-defesa-ou-eu-nao-vou-me-calar-por-eugenio-lima/. Acesso em: 27 jul. 2024.
LIMA, E. T. Um olhar sobre o Teatro Negro do Teatro Experimental do Negro e do Bando de Teatro Olodum. 2010. Tese (Doutorado) – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, 2010. DOI: 10.47749/T/UNICAMP.2010.778472
MARTINS, L. M. A cena em sombras. São Paulo: Perspectiva, 1995.
MARTINS, L. M. A fina lâmina da palavra. O eixo e a roda: revista de literatura brasileira, v. 15, 2007. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/o_eixo_ea_roda/issue/view/1379. Acesso em: 26 jul. 2024.
MARTINS, L. M. Corpo negro e representação, entrevista transcrita e organizada por Lucélia Sérgio. Legítima Defesa, ano 2, v. 2. São Paulo: Cia. Os Crespos/Cooperativa Paulista de Teatro, 2016.
MARTINS, L. M. Performances do tempo espiralar: poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.
MARTINS, S. Crítica: um projeto para chamar de meu – reflexões a partir do exercício crítico numa dimensão individual e, ao mesmo tempo, coletiva. Horizonte da cena, Belo Horizonte, 19 ago. 2021. Disponível em: https://www.horizontedacena.com/critica-um-projeto-para-chamar-de-meu/. Acesso em: 04 ago. 2024.
MBEMBE, A. Crítica da razão negra. Tradução: Sebastião Nascimento. São Paulo: n-1 edições, 2018.
MITSP. Cartografias MITsp. n. 03. Revista de Artes Cênicas. São Paulo: Ministério da Cultura, 2016.
MOMBAÇA, J. Notas estratégicas quanto aos usos políticos do conceito de lugar de fala. Buala, 19 jul. 2017. Disponível em: https://www.buala.org/pt/corpo/notas-estrategicas-quanto-aos-usos-politicos-do-conceito-de-lugar-de-fala. Acesso em: 15 out. 2024.
NASCIMENTO, A. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1978.
PEREIRA JÚNIOR, V. C. Teatro e contra-hegemonia: um estudo sobre o campo das artes cênicas no Brasil do século XXI. Anais ABRACE, [s. l.], v. 19, n. 1, p. 1-18, 2018. Disponível em: https://www.iar.unicamp.br/publionline/abrace/hosting.iar.unicamp.br/publionline/index.php/abrace/article/view/3925.html. Acesso em: 15 out. 2024.
PIZA, E. Porta de vidro: entrada para a branquitude. In: CARONE, I.; BENTO, M. A. S. (orgs.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Editora Vozes, 2016.
PRADO, M. A. Um discurso negro (des)colonizado. MITsp (site), São Paulo, 18 mar. 2017. Disponível em: https://mitsp.org/2017/um-discurso-negro-descolonizado/. Acesso em: 04 ago. 2024.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, B. de S.; MENESES, M. P. (org.). Epistemologias do sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009. p. 73-118.
REIS, L. F. Conheça a nova geração que está revolucionando o teatro negro no Rio. O Globo, 4 set. 2018. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/teatro/conhecanova-geracao-que-esta-revolucionando-teatro-negro-no-rio-23024515 Acesso em: 4 ago. 2024.
SALOMÃO, S. Teatro negro: seus valores filosóficos antigos, modernos e contemporâneos. In: CAPULANAS Cia de Arte Negra; SILVA, S. S. J. (Org.). Negras insurgências – Teatros e dramaturgias negras em São Paulo: perspectivas históricas, teóricas e práticas. São Paulo: Ciclo Contínuo, 2018. p. 97-127.
SILVA, T. T. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.
VIOLENTO. Direção: Alexandre de Sena. Dramaturgia: Alexandre de Sena; Preto Amparo. Belo Horizonte: Grazi Medrado, 2017.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Vicente Carlos Pereira Júnior
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Ao submeter um artigo à Sala Preta e tê-lo aprovado para publicação os autores concordam com os termos da Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Os autores mantém, sem restrições, os direitos autorais dos documentos publicados pelo periódico.
Os documentos distribuídos sob os termos da Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional podem ser compartilhados, copiados e redistribuídos em qualquer meio e formato desde que sem fins comerciais e que os devidos créditos sejam dados. Os documentos também podem ser adaptados, remixados e transformados desde que, neste caso, as contribuições feitas ao material original sejam distribuídas sob a mesma licença que o original.