Infecções sexualmente transmissíveis em mulheres privadas de liberdade em Roraima

Autores

  • Maria Soledade Garcia Benedetti Universidade Federal de Roraima
  • Audrey Stella Akemi Nogami Universidade Federal de Roraima
  • Beatriz Belo da Costa Universidade Federal de Roraima
  • Herbert Iago Feitosa da Fonsêca Universidade Federal de Roraima
  • Igor dos Santos Costa Universidade Federal de Roraima
  • Itallo de Souza Almeida Universidade Federal de Roraima
  • Luana de Miranda Universidade Federal de Roraima
  • Matheus Mychael Mazzaro Conchy Universidade Federal de Roraima
  • Renan da Silva Bentes Universidade Federal de Roraima
  • Suzani Naomi Higa Universidade Federal de Roraima
  • Tháles de Souza Israel Universidade Federal de Roraima
  • Allex Jardim da Fonseca Universidade Federal de Roraima

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002207

Palavras-chave:

Mulheres, Prisões, Doenças Sexualmente Transmissíveis, epidemiologia, Fatores de Risco, Disparidades nos Níveis de Saúde

Resumo

OBJETIVO: Avaliar a prevalência de infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV), sífilis e hepatite B entre mulheres privadas de liberdade do estado de Roraima e sua correlação com percepções, conhecimento e fatores comportamentais. MÉTODO: Trata-se de estudo de corte transversal, com amostragem sistemática simples, realizado na Cadeia Pública Feminina de Boa Vista, estado de Roraima, no ano de 2017. Foram avaliadas 168 detentas (93,8% da população) por meio de entrevista face a face e testes rápidos. RESULTADOS: A prevalência de alguma infecção sexualmente transmissível (IST) foi de 20,2%, sendo 4,7% de HIV, 15,5% de sífilis, e 0,0% de hepatite B. A análise multivariada confirmou como fatores de risco para adquirir uma IST: ter mais de 30 anos de idade [odds ratio (OR) ajustada: 2,57; IC95% 1,03–6,40); baixa escolaridade (OR ajustada: 2,77; IC95% 1,08–5,05); pouco conhecimento sobre o uso da camisinha (OR ajustada: 2,37; IC95% 1,01–7,31); e achar que não há risco de contrair sífilis (OR ajustada: 2,36; IC95% 1,08–6,50). CONCLUSÃO: A população privada de liberdade constitui um grupo de alta vulnerabilidade às IST. A elevada prevalência dessas infecções pode ser explicada por déficits de conhecimento sobre o assunto, percepções distorcidas e condições peculiares ao aprisionamento, que resultam em comportamento de risco. Ressalta-se a necessidade de implantar programas educativos de prevenção, diagnóstico e tratamento de IST para essa população.

Biografia do Autor

  • Maria Soledade Garcia Benedetti, Universidade Federal de Roraima

    Universidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil

  • Audrey Stella Akemi Nogami, Universidade Federal de Roraima

    Universidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil

  • Beatriz Belo da Costa, Universidade Federal de Roraima

    Universidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil'

  • Herbert Iago Feitosa da Fonsêca, Universidade Federal de Roraima

    Universidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil

  • Igor dos Santos Costa, Universidade Federal de Roraima

    Universidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil

  • Itallo de Souza Almeida, Universidade Federal de Roraima

    Universidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil

  • Luana de Miranda, Universidade Federal de Roraima

    Universidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil

  • Matheus Mychael Mazzaro Conchy, Universidade Federal de Roraima

    Universidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil

  • Renan da Silva Bentes, Universidade Federal de Roraima

    Universidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil

  • Suzani Naomi Higa, Universidade Federal de Roraima

    Universidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil

  • Tháles de Souza Israel, Universidade Federal de Roraima

    ersidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil

  • Allex Jardim da Fonseca, Universidade Federal de Roraima

    Universidade Federal de Roraima. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Medicina. Boa Vista, RR, Brasil

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Publicado

2020-12-14

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Benedetti, M. S. G., Nogami, A. S. A., Costa, B. B. da, Fonsêca, H. I. F. da, Costa, I. dos S., Almeida, I. de S., Miranda, L. de, Conchy, M. M. M., Bentes, R. da S., Higa, S. N. ., Israel, T. de S., & Fonseca, A. J. da. (2020). Infecções sexualmente transmissíveis em mulheres privadas de liberdade em Roraima. Revista De Saúde Pública, 54, 105. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002207