Implicações das violências contra as mulheres sobre a não realização do exame citopatológico
DOI:
https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052000496Palavras-chave:
Mulheres Agredidas, Violência contra a Mulher, Violência por Parceiro Íntimo, Violência Doméstica, Neoplasias do Colo do Útero, prevenção & controle, Teste de Papanicolaou, Qualidade, Acesso e Avaliação da Assistência à SaúdeResumo
OBJETIVO: Analisar a associação entre a violência por parceiro íntimo e a não realização do exame citopatológico nos últimos três anos. MÉTODOS: Estudo transversal, em 26 unidades de saúde do município de Vitória, ES, no período de março a setembro de 2014. A amostra foi constituída por 706 usuárias do serviço de atenção primária, com idade entre 30 e 59 anos. Foram coletados dados sobre o rastreamento do câncer de colo do útero, além da caracterização sociodemográfica, comportamental, obstétrica e ginecológica das mulheres por meio de entrevista e aplicado o instrumento recomendado pela Organização Mundial da Saúde para identificar a experiência de violência. A análise foi realizada por teste de associação do qui-quadrado, tendência linear para variáveis ordinais e análise de regressão de Poisson com variância robusta. RESULTADOS: Entre as participantes, 14% (IC95% 12,0–17,2) estavam com o exame de Papanicolaou em atraso. A maior prevalência de não realização do exame foi entre mulheres de menor escolaridade, em união consensual, menor renda, fumantes e com histórico de uso de drogas, coitarca antes dos 15 anos, três ou mais gestações e dois ou mais parceiros nos últimos 12 meses. Mulheres em situação de violência sexual e física cometida pelo parceiro íntimo apresentaram, respectivamente, 1,64 (IC95% 1,03–2,62) e 1,94 (IC95% 1,28–2,93) vezes mais prevalência de atraso no exame de Papanicolaou quando comparadas às não vítimas. CONCLUSÕES: A violência apresenta-se como um agravo importante e com impacto negativo na saúde da mulher. Mulheres vitimizadas, física ou sexualmente, por seus companheiros, estão mais vulneráveis a não realização do exame de Papanicolaou e, consequentemente, têm menos oportunidades de detecção precoce do câncer de colo do útero.